Mundo • 17:06h • 08 de janeiro de 2025
Whats, Face e Instagram sob nova ótica: a estratégia de Zuckerberg e os impactos para empresa
Com a reeleição de Trump e a proximidade do CEO do Meta com novas ideologias, a flexibilização na política contra a desinformação coloca em risco a segurança da informação nas redes sociais
Da Redação | Foto: Reprodução/Redes Sociais
O mundo digital vive um momento de transição, e a mudança na postura de Mark Zuckerberg, CEO e fundador do Facebook (grupo Meta que engloba Facebook, e a compra do Instagram e WhatsApp), acende um alerta para empresas e consumidores. Com a reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos, o discurso de Zuckerberg, alinhado a novas ideologias políticas, é um reflexo das transformações que estão por vir no universo das Big Techs.
A mudança tem implicações diretas na maneira como a informação será disseminada nas plataformas digitais, afetando diretamente o ecossistema de negócios, a comunicação profissional e a própria dinâmica das redes sociais.
O Meta, que antes adotava políticas rigorosas contra desinformação, alterou sua postura e desativou os sistemas de verificação de fatos em suas plataformas, permitindo que informações, independentemente de sua veracidade, continuem circulando, desde que apresentem uma "nota de comunidade" ou opinião.
Com isso, assuntos potencialmente prejudiciais e até fraudulentos podem ser propagados sem filtros, sendo acompanhados apenas por notas que nem todos os usuários irão ler ou mesmo compreender. Essa mudança já afeta a maneira como os conteúdos são divulgados e o impacto é direto em quem usa essas plataformas para negócios.
Em um país como o Brasil, onde o WhatsApp é a principal ferramenta de comunicação e o Instagram também lidera entre as faixas etárias mais velhas, a decisão de Zuckerberg de flexibilizar as regras de desinformação tem implicações muito sérias.
Em um contexto onde empresas dependem da comunicação via redes sociais para interagir com clientes, vender produtos e fazer negócios, a falta de filtros adequados pode prejudicar a confiança no sistema e impactar diretamente a economia digital. A desaceleração da capacidade de bloquear conteúdos perigosos pode resultar na disseminação de fake news, afetando até a reputação de marcas e a maneira como o público percebe um negócio.
O jornalismo investigativo e profissional
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) também expressou sua preocupação sobre as novas diretrizes do Meta. A associação vê com apreensão o fato de a Meta não apoiar mais os veículos jornalísticos dedicados à checagem de fatos e ao combate à desinformação nas redes sociais.
O trabalho das agências de checagem é fundamentado em princípios de transparência e equilíbrio, seguindo as diretrizes da International Fact-Checking Network (IFCN), e a ação voluntária de usuários das redes sociais não pode substituir a checagem profissional de fatos. Para a Abraji, a desinformação nas redes sociais pode ser extremamente prejudicial à democracia, especialmente com o avanço de ferramentas de inteligência artificial.
É necessário que o jornalismo profissional e as empresas se atentem a esses sinais. O jornalismo deve manter seu compromisso com a verdade, buscando sempre evitar que a desinformação invada os espaços destinados ao debate e à reflexão cívica. Já para os empresários, é crucial que compreendam a gravidade da mudança, que pode afetar a maneira como interagem com seus clientes e a forma como o mercado reage ao uso dessas plataformas para comunicação.
O risco é claro: construir um império digital sobre a infraestrutura de uma plataforma que pode, a qualquer momento, reverter suas regras pode ser comparado a construir uma casa no terreno de outra pessoa – um terreno cujas regras estão mudando constantemente.
Assim, o momento é de preparação, reflexão e, sobretudo, adaptação. As mudanças no Meta e nas outras plataformas sociais podem afetar de maneira significativa as estratégias de comunicação de empresas e a própria dinâmica de negócios online.
Agora, mais do que nunca, é essencial ter uma visão crítica sobre o uso dessas plataformas, a confiança nos filtros de informações e, especialmente, no compromisso com a veracidade dos conteúdos que são compartilhados. O cenário atual exige mais do que nunca a conscientização sobre as implicações dessas mudanças e sobre como se preparar para o futuro digital.
Declaração de Mark Zuckerberg sobre as mudanças na moderação de conteúdo
"Construímos muitos sistemas complexos para moderar o conteúdo, mas o problema com sistemas complexos é que eles cometem erros. Mesmo que eles acidentalmente censuram apenas 1% dos posts, isso significa milhões de pessoas. Chegamos a um ponto onde há muitos erros e muita censura. As recentes eleições também parecem ser um ponto cultural para, novamente, priorizarmos a liberdade de expressão. Então, vamos voltar aos nossos princípios e focar em reduzir erros, simplificar nossas políticas e restaurar a liberdade de expressão em nossas plataformas.
Mais especificamente, aqui está o que vamos fazer:
Eliminação dos fact-checkers: Vamos eliminar os fact-checkers e substituí-los por notas de comunidade, semelhantes ao que o X (antigo Twitter) faz, começando nos EUA. Depois de Trump ser eleito pela primeira vez em 2016, a mídia legítima escreveu incessantemente sobre como a desinformação era uma ameaça à democracia.
Tentamos, de boa fé, abordar essas preocupações sem nos tornarmos os árbitros da verdade. Mas os fact-checkers se mostraram muito politicamente tendenciosos e acabaram destruindo mais confiança do que criando, especialmente nos EUA. Nos próximos meses, vamos criar um sistema de notas de comunidade mais compreensível.
- Simplificação das políticas de conteúdo: Vamos simplificar nossas políticas de conteúdo e eliminar várias restrições sobre temas como imigração e gênero, que estão fora de sintonia com o discurso mais comum. O que começou como um movimento para ser mais inclusivo foi usado para silenciar opiniões e pessoas com ideias diferentes, o que foi um grande erro. Quero garantir que as pessoas possam compartilhar suas crenças e experiências em nossas plataformas.
- Mudanças na aplicação das políticas: Estamos mudando como aplicamos nossas políticas para reduzir os erros que causam censura indevida. Antes, tínhamos filtros que analisavam qualquer violação de política. Agora, vamos focar esses filtros em lidar com violações ilegais e de alta gravidade. Para violações de menor gravidade, vamos depender de alguém reportando o problema antes de tomarmos qualquer ação. O problema é que os filtros cometem erros, removendo muito conteúdo que não deveria ser retirado. Ao ajustar esses filtros, vamos reduzir dramaticamente a censura em nossas plataformas.
- Reintrodução de conteúdo cívico: Por um tempo, a comunidade pediu menos política porque estava deixando as pessoas estressadas, então paramos de recomendar esses posts. Mas parece que estamos entrando em uma nova fase, e começamos a receber feedback de que as pessoas querem ver esse conteúdo novamente. Vamos começar a reintroduzir conteúdo cívico no Facebook, Instagram e Threads, enquanto trabalhamos para manter as comunidades amigáveis e positivas.
- Mudança nos centros de confiança e segurança: Vamos retirar nossos centros de confiança e segurança para moderação de conteúdo da Califórnia, e nossa análise de conteúdo baseada nos EUA será agora realizada no Texas. Isso vai nos ajudar a promover a liberdade de expressão e construir confiança, especialmente em locais onde há menos preocupação com a parcialidade nos nossos centros.
- Apoio ao governo dos EUA contra censura global: Finalmente, vamos trabalhar com o presidente Trump para pressionar os governos ao redor do mundo que estão seguindo as empresas americanas e tentando censurar mais. Os EUA têm as proteções constitucionais mais fortes para a liberdade de expressão no mundo.
A Europa tem muitas leis em constante aumento, institucionalizando a censura e dificultando a inovação. Os países latino-americanos têm leis secretas que permitem que as empresas tomem decisões sem transparência. A China censura aplicativos de trabalho no país. A única forma de nos resistirmos a essa tendência global é com o apoio do governo dos EUA. Nos últimos 4 anos, o governo dos EUA também pressionou por mais censura, o que acabou nos empurrando para governos que exigem ainda mais restrições.
Agora, temos a oportunidade de restaurar a liberdade de expressão e estou animado para isso. Vai levar tempo para dar certo. Esses sistemas complexos nunca serão perfeitos, e ainda temos muito trabalho a fazer, especialmente para remover conteúdo ilegal. Mas, após anos focados principalmente em remover conteúdo, é hora de focarmos em reduzir erros, simplificar nossos sistemas e voltar às nossas raízes de dar voz às pessoas.
Estou ansioso para esse próximo capítulo. Fiquem bem até lá."
Representação no Ministério Público Federal (MPF)
O movimento gerou uma reação imediata da Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra), que protocolou uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra a Meta segundo informações da Agência Brasil. A organização se manifestou contra a alteração nas políticas da empresa, que passou a permitir que os usuários associassem a transsexualidade e a homossexualidade a doenças mentais ou anormalidades, especialmente em discursos políticos e religiosos. A Antra considera essa mudança como uma tentativa de legitimar ataques contra a comunidade trans, algo que já ocorre de forma mais explícita em plataformas como o X e o Telegram.
De acordo com a Antra, a alteração nas regras de moderação da Meta visa permitir que os fanáticos anti-trans espalhem desinformações, ataques e mentiras nas redes sociais sem ser barrados.
A organização reforçou que, além de não ser compatível com o consenso científico, a decisão da Meta ignora as leis do Brasil, que protegem a identidade de gênero e sexualidade. A medida também foi criticada por grupos que lutam contra a violência de gênero, como a Coalizão Direitos na Rede, que alertou sobre o impacto negativo dessa mudança, que pode fomentar discursos de ódio e desinformação nas redes sociais.
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