Ciência e Tecnologia • 19:24h • 27 de maio de 2025
Vacina contra herpes zoster pode reduzir risco de Alzheimer e demência, indicam estudos
Pesquisas com mais de 500 mil participantes sugerem efeito neuroprotetor da imunização, mas especialistas alertam que os dados ainda são preliminares
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria de Imprensa | Foto: Divulgação

Estudos recentes têm despertado grande interesse na comunidade científica ao apontarem que a vacina contra o herpes zoster — infecção causada pela reativação do vírus varicela-zoster, o mesmo da catapora — pode estar associada à redução do risco de desenvolver demência, incluindo a doença de Alzheimer.
As pesquisas, realizadas em países como Austrália, País de Gales e Estados Unidos, analisaram dados de mais de 500 mil pessoas. Na Austrália, um estudo com 100 mil participantes vacinados com a Zostavax identificou uma redução de quase 30% no risco de demência. No País de Gales, a redução foi de 20%, e nos Estados Unidos, dependendo do imunizante, a proteção chegou a 17%. Uma meta-análise publicada em 2024 na revista Brain and Behavior estimou uma redução média de 16% no risco de demência entre vacinados.
Apesar dos dados serem promissores, especialistas reforçam que os resultados ainda são observacionais e não comprovam relação de causa e efeito. “Ainda não podemos afirmar que a vacina contra herpes zoster previne diretamente a demência, mas os achados são consistentes e merecem investigação mais aprofundada”, explica o Dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião funcional e pesquisador da Unicamp.
Entenda como a vacina pode proteger o cérebro
Os pesquisadores trabalham com algumas hipóteses para entender essa possível relação:
• Prevenção da neuroinflamação: o vírus varicela-zoster pode permanecer adormecido no sistema nervoso e, ao se reativar, provocar inflamações crônicas que, ao longo do tempo, podem contribuir para o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas. A vacina impediria essas reativações.
• Imunidade treinada: vacinas como a Zostavax, de vírus atenuado, estimulam uma resposta imunológica mais ampla, capaz de proteger o organismo de outras inflamações, incluindo as relacionadas ao declínio cognitivo.
• Menos complicações neurológicas: ao prevenir o herpes zoster, também se evitam complicações como encefalite e neuralgias, que podem impactar a saúde do cérebro.
Uso atual e perspectivas futuras
Hoje, a vacina contra herpes zoster é recomendada para pessoas acima de 50 anos, principalmente para prevenir as dores crônicas associadas à doença. Está disponível na rede privada e deverá ser incorporada ao SUS no Brasil.
Caso os efeitos neuroprotetores sejam confirmados em estudos mais robustos, a vacina poderá ganhar um papel ainda mais relevante na prevenção de demências, influenciando políticas públicas de saúde e estratégias de imunização para o envelhecimento saudável.
“No momento, é essencial encarar esses achados com entusiasmo, mas também com cautela. Precisamos de mais pesquisas clínicas para validar essa possível proteção antes de transformá-la em recomendação oficial”, alerta o Dr. Valadares.
O que já se sabe sobre a prevenção da demência
Atualmente, não existe uma vacina específica ou cura para demências. As principais formas de prevenção estão ligadas a hábitos saudáveis, como alimentação balanceada, prática regular de atividades físicas, sono adequado, controle de doenças crônicas (hipertensão, diabetes e colesterol) e estímulos cognitivos constantes.
Nos casos em que a demência já se manifestou, o tratamento visa retardar a progressão dos sintomas, preservar a qualidade de vida e garantir suporte multidisciplinar tanto ao paciente quanto aos familiares.
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