Ciência e Tecnologia • 14:49h • 06 de outubro de 2025
USP e Embrapa criam biossensor portátil que identifica proteínas ligadas à depressão e esquizofrenia
Novo dispositivo de baixo custo detecta em poucos minutos uma proteína relacionada a transtornos psiquiátricos, como depressão e bipolaridade. A tecnologia promete agilizar o diagnóstico e o acompanhamento clínico de pacientes
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência SP | Foto: Divulgação/Governo de São Paulo

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Embrapa Instrumentação, desenvolveram um biossensor portátil e acessível capaz de identificar rapidamente alterações nos níveis de uma proteína associada a transtornos mentais, como depressão, esquizofrenia e bipolaridade. O dispositivo, que ainda está em fase de pesquisa, poderá no futuro ajudar na detecção precoce e no monitoramento dessas condições.
O biossensor funciona a partir de uma pequena tira flexível com eletrodos, que analisa gotas de saliva humana em um analisador portátil. Em menos de três minutos, ele mede a concentração da proteína BDNF (Brain-Derived Neurotrophic Factor), fundamental para o crescimento e manutenção dos neurônios, além de estar relacionada a funções cerebrais como aprendizado e memória.
Segundo o estudo, publicado na revista ACS Polymers Au, o dispositivo conseguiu detectar concentrações extremamente baixas da proteína, com precisão inédita. Cada unidade tem custo estimado de apenas US$ 2,19 (cerca de R$ 12,00), o que reforça seu potencial de uso amplo.
“Nosso biossensor apresentou ótimo desempenho clínico, identificando tanto níveis muito baixos quanto altos de BDNF. Isso pode ajudar no diagnóstico precoce e também no acompanhamento da resposta ao tratamento”, explica Paulo Augusto Raymundo Pereira, pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP) e autor do estudo.
A baixa concentração de BDNF está associada a transtornos como depressão e declínio cognitivo, enquanto níveis restaurados estão ligados ao efeito de antidepressivos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de pessoas vivem com algum tipo de transtorno mental, e os afastamentos por motivos psicológicos têm crescido em todo o mundo — no Brasil, aumentaram 134% entre 2022 e 2024.
O sensor é composto por uma tira de poliéster com eletrodos modificados por nanoesferas de carbono e reagentes que aumentam sua sensibilidade. A detecção ocorre por meio da interação entre anticorpos e antígenos, capturada por uma técnica chamada espectroscopia de impedância eletroquímica. Os resultados podem ser visualizados em tempo real em um smartphone via bluetooth.
A pesquisa teve apoio da Fapesp e integra o projeto temático “Rumo à convergência de tecnologias”, que busca unir sensores, aprendizado de máquina e visualização de dados para diagnósticos clínicos mais rápidos e personalizados.
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