Ciência e Tecnologia • 12:00h • 05 de dezembro de 2025
UFG cria nanoestruturas para tratar intoxicações graves
Pesquisadora da UFG desenvolve lipossomas capazes de capturar substâncias tóxicas e acelerar o atendimento a casos de overdose
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações do CFF | Foto: CFM/Divulgação
Após três décadas de pesquisa, a farmacêutica e professora Eliana Martins Lima, da Universidade Federal de Goiás (UFG), desenvolveu um método inovador para tratar intoxicações graves. A tecnologia utiliza nanoestruturas capazes de remover do organismo substâncias tóxicas em excesso, invertendo a lógica tradicional do uso de partículas para entregar medicamentos em áreas específicas do corpo.
O método é baseado em lipossomas — vesículas microscópicas com membrana e núcleo aquoso — preparados para capturar anestésicos e drogas de abuso por afinidade química. Graças a uma adaptação chamada protonação, essas partículas permanecem por horas no sangue e mantêm aprisionadas as moléculas tóxicas, reduzindo rapidamente efeitos neurológicos e cardíacos. Isso permite que equipes de emergência estabilizem o paciente com mais segurança.
Nos testes pré-clínicos com ratos, cerca de 70% das partículas foram direcionadas ao fígado, onde foram metabolizadas e eliminadas. Os sinais vitais dos animais se normalizaram em até dois minutos após a aplicação, e durante os 30 dias seguintes não houve alterações de saúde ou comportamento.
A UFG e o laboratório Cristália já solicitaram a patente da tecnologia. A empresa, que investiu R$ 6 milhões, se prepara para pedir autorização da Anvisa para iniciar testes clínicos em humanos, com expectativa de análise no primeiro trimestre do próximo ano. O foco inicial será o tratamento de intoxicações por cocaína, substância usada nos estudos com autorização da Polícia Federal.
De acordo com a pesquisadora, a formulação também pode ser aplicada em casos de overdose de medicamentos, anestésicos e outras drogas, embora essas possibilidades ainda estejam em fase inicial de avaliação. Especialistas lembram que quadros de intoxicação severa podem gerar danos neurológicos, arritmias, AVC, falência hepática e risco de coma. Estudo da Universidade Federal de São Paulo aponta média de quase mil mortes por overdose por ano no Brasil entre 2000 e 2020.
O Cristália prevê iniciar os primeiros testes clínicos com voluntários no primeiro semestre de 2026. Para Eliana Martins Lima, ver a pesquisa avançar para uma possível aplicação prática é um marco na carreira e um passo importante para evoluir o atendimento emergencial em saúde.
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