Ciência e Tecnologia • 21:11h • 04 de setembro de 2025
Traços de cocaína, cafeína e medicamentos são encontrados nas águas do estuário de São Vicente
Pesquisa inédita aponta risco ecológico baixo a moderado para fauna marinha, resultado da falta de tratamento de esgoto e da proximidade com o Porto de Santos
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Unesp | Foto: Divulgação

Uma pesquisa realizada no estuário de São Vicente revelou a presença de seis substâncias químicas, entre drogas ilícitas e medicamentos de uso comum, em concentrações capazes de oferecer risco biológico à fauna local. O estudo foi conduzido pela doutoranda Andressa Ortega, sob orientação do oceanógrafo Camilo Seabra, da Unifesp e do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade de Ambientes Costeiros da Unesp, e publicado no periódico internacional Marine Pollution Bulletin.
Foram analisadas amostras de água, sedimentos e ostras em oito pontos do estuário. A investigação detectou cocaína, seu metabólito benzoilecgonina, cafeína, losartana (anti-hipertensivo), carbamazepina (antiepiléptico) e orfenadrina (relaxante muscular presente em analgésicos). Em diversas coletas, as concentrações apresentaram risco ecológico classificado como baixo a moderado, especialmente para peixes, crustáceos e algas.
A região é considerada um hotspot de poluição. Além do lançamento de esgoto sem tratamento proveniente de áreas de palafitas, o esgoto coletado regularmente também é descartado no mar por meio do Emissário Submarino de Santos. A proximidade com o Porto de Santos, um dos mais movimentados do mundo e rota conhecida do tráfico de drogas, ajuda a explicar a presença incomum de cocaína pura nas águas.
Segundo os pesquisadores, mesmo níveis considerados “moderados” são preocupantes. Testes mostraram que a cocaína e a losartana oferecem toxicidade a pequenos crustáceos usados como organismos de referência em laboratório, enquanto a benzoilecgonina representa risco moderado para peixes. “A mera presença desses compostos já é um indicador de preocupação e revela falhas no tratamento de esgoto ou consumo excessivo dessas drogas”, alerta o professor Vinicius Roveri, da Universidade Metropolitana de Santos, que assina o estudo.
O levantamento reforça a necessidade urgente de ampliar o saneamento básico, monitorar continuamente a qualidade da água e avaliar os impactos da poluição química sobre os ecossistemas costeiros e a saúde pública. Leia a reportagem completa aqui.
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