Saúde • 13:10h • 13 de junho de 2025
SUS substitui papanicolau por exame de DNA que detecta HPV com até 10 anos de antecedência
Novo teste de biologia molecular oferece maior precisão, reduz risco de falsos negativos e pode diminuir em até 70% os casos graves de câncer de colo do útero
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria via Mobius | Foto: Divulgação/Mobius

O Sistema Único de Saúde (SUS) deu um passo decisivo na prevenção do câncer de colo do útero ao substituir o exame papanicolau pelo teste de biologia molecular DNA-HPV. A nova tecnologia permite detectar a presença do Papilomavírus Humano (HPV) com até 10 anos de antecedência ao aparecimento de lesões que podem evoluir para câncer, oferecendo um rastreio mais sensível, eficaz e seguro.
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 10 milhões de pessoas convivem com o HPV no Brasil. A infecção é considerada uma das principais causas do câncer do colo uterino e representa a quarta maior causa de morte entre mulheres no país. A mudança no protocolo representa uma virada na abordagem da saúde preventiva e no rastreamento da doença.
“O exame de DNA-HPV é um marco para o país. Ele permite a genotipagem do vírus e identifica os subtipos com potencial cancerígeno antes mesmo que as lesões surjam. Isso muda completamente o tempo de resposta e tratamento”, explica a ginecologista Wanuzia Miranda.
Por que a mudança é importante
O papanicolau, amplamente utilizado há mais de 30 anos, possui limitações — desde a dificuldade na interpretação de amostras insatisfatórias até o elevado índice de falsos negativos. Com o novo exame molecular, a precisão aumenta consideravelmente graças ao uso da técnica de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase), que detecta o DNA do vírus mesmo quando a carga viral é baixa.
Foto: Divulgação/Mobius
Além disso, o novo teste incorpora um controle interno de qualidade, confirmando se a amostra foi coletada corretamente. “Essa confiabilidade reduz drasticamente os erros e aumenta as chances de um diagnóstico precoce e eficaz”, reforça Wanuzia.
Como funciona o novo exame
Dois métodos já disponíveis no mercado são utilizados para a detecção: o Multi HPV Flow Chip, que identifica mais de 30 genótipos de baixo e alto risco, e o Kit Master HPV Screening, que detecta 14 genótipos de alto risco por PCR em tempo real. Ambos oferecem resultados em poucas horas e possuem alta sensibilidade e especificidade.
Entre os subtipos de HPV mais perigosos, os tipos 16 e 18 estão ligados à maioria dos casos de câncer. Já os tipos 6 e 11 são associados a lesões benignas, como verrugas genitais.
Intervalo e público-alvo
Outra vantagem do novo protocolo é o aumento no intervalo entre os exames. Enquanto o papanicolau era indicado anualmente, o DNA-HPV poderá ser realizado a cada cinco anos em casos negativos, com início recomendado a partir dos 25 anos para mulheres que já iniciaram a vida sexual. “A chance de desenvolvimento de câncer após um exame negativo é inferior a 0,15%”, pontua a médica.
Além do câncer do colo do útero, o HPV também pode provocar lesões em outras regiões do corpo, como ânus, garganta, boca, vulva, vagina e pênis. Por isso, o diagnóstico precoce é crucial para evitar complicações e garantir tratamento adequado.
Vacinação ainda é essencial
O avanço no rastreio não exclui a importância da imunização. A vacina contra o HPV continua sendo indicada para meninas e meninos de 9 a 14 anos, preferencialmente antes do início da vida sexual. Para quem não foi imunizado na adolescência, a vacinação é recomendada até os 26 anos. A proteção abrange os principais subtipos oncogênicos e reduz significativamente a incidência de verrugas genitais.
A incorporação do DNA-HPV no SUS representa um avanço tecnológico e uma mudança de paradigma na saúde pública: mais precisão, mais prevenção e mais vida.
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