Mundo • 12:35h • 19 de agosto de 2025
Surto de botulismo na Itália acende alerta mundial sobre segurança dos alimentos
Casos recentes na Europa e no Brasil reforçam a necessidade de prevenção e responsabilidade compartilhada em toda a cadeia alimentar
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Arquivo/Âncora1

O recente surto de botulismo na Calábria, sul da Itália, que provocou a morte de duas pessoas e hospitalizou outras 14 após o consumo de sanduíches de brócolis vendidos em food trucks, acendeu o alerta para os riscos que a doença representa em escala mundial. As autoridades italianas interditaram o ponto de venda, recolheram insumos e iniciaram uma investigação para rastrear a origem da contaminação.
Casos semelhantes têm sido registrados em outros países. Em setembro de 2023, durante a Copa do Mundo de Rúgbi, um surto em Bordeaux, na França, afetou 15 pessoas de diferentes nacionalidades após o consumo de sardinhas enlatadas artesanalmente. Oito pacientes precisaram de internação em UTI e seis foram submetidos à ventilação mecânica invasiva, evidenciando como um alimento contaminado pode provocar emergências sanitárias internacionais em poucas horas.
No Brasil, episódios graves também chamaram atenção em 2024. Na Bahia, seis ocorrências confirmadas resultaram em duas mortes. Já em Belo Horizonte, a suspeita de contaminação em uma torta de frango levou à interdição de uma padaria pela Vigilância Sanitária. Dados do Ministério da Saúde revelam que mais de 90% das ocorrências registradas no país têm origem alimentar, com maior concentração na região Sudeste. Apesar disso, especialistas destacam que as mortes são mais comuns em regiões com menor acesso a tratamento especializado.
O que dizem os especialistas
A médica veterinária Paula Eloize, especialista em segurança dos alimentos, afirma que o botulismo exige máxima atenção por ser uma doença rara, mas extremamente grave. “Ele é silencioso até ser tarde demais. Não causa febre e não apresenta sinais clássicos de infecção, por isso engana até profissionais experientes. Quando os sintomas surgem, como visão dupla, fraqueza muscular e dificuldade para engolir, a toxina já está em ação”, explica.
Segundo a especialista, não existe produto seguro sem processo seguro. A prevenção vai além do cumprimento mecânico das normas, exigindo compreensão dos riscos envolvidos. “A Clostridium botulinum sobrevive em ambientes sem oxigênio e produz uma das toxinas mais potentes conhecidas. Quando o profissional entende isso, respeita o processo não por obrigação, mas por consciência”, ressalta.
Paula Eloize defende que a prevenção deve ser uma responsabilidade compartilhada entre produtores, indústrias, distribuidores, comerciantes e consumidores. Isso envolve inspeções frequentes, rastreabilidade completa, análise rigorosa de fornecedores e treinamento contínuo das equipes. Para o consumidor, a orientação é descartar qualquer alimento suspeito, como embalagens estufadas, odor alterado ou textura incomum.
Para ela, os surtos recentes demonstram que a segurança dos alimentos precisa ser tratada como prioridade estratégica de saúde pública. “Ampliar a fiscalização, descentralizar o atendimento especializado e investir em educação sanitária são medidas fundamentais. Cada caso de botulismo carrega falhas que poderiam ser evitadas. Se a cultura de segurança estivesse presente do campo ao prato, falaríamos de prevenção e não de mortes”, conclui a especialista.
LEIA MAIS: Botulismo: o perigo silencioso que pode estar na sua despensa
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