Saúde • 10:20h • 19 de outubro de 2025
SP investe R$ 16 milhões em pesquisa de transplantes entre animais e humanos
Atividades relacionadas ao estudo dos xenotransplantes serão desenvolvidas em Núcleo de Tecnologias Avançadas inaugurado nesta semana no Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência SP | Foto: Arquivo Âncora1

O Governo de São Paulo está investindo R$ 16 milhões em uma pesquisa inédita sobre xenotransplante, que consiste no transplante de tecidos ou órgãos de animais para humanos, com o objetivo de reduzir a fila de pacientes que aguardam rins, córneas e outros órgãos.
O projeto será conduzido no Núcleo de Tecnologias Avançadas para Bem-Estar e Saúde Aplicados às Ciências da Vida (Nutabes), inaugurado nesta segunda-feira, 13 de outubro, no campus do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), localizado na Cidade Universitária da USP.
Segundo o vice-governador Felicio Ramuth, o investimento reforça o compromisso do Estado com a inovação e a ciência aplicada. “O Nutabes é um espaço que une saúde, ciência e tecnologia para transformar vidas”, afirmou durante a inauguração.
O IPT, com 126 anos de história e vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SCTI), será responsável por desenvolver e aplicar as técnicas de xenotransplante no país. O secretário Vahan Agopyan destacou que a nova estrutura representa a capacidade do IPT de se renovar e antecipar demandas da sociedade, abrindo caminho para pesquisas inéditas na área da saúde.
O projeto utilizará suínos geneticamente modificados como potenciais doadores de órgãos e tecidos para humanos. O núcleo cuidará da criação desses animais, dos ensaios pré-clínicos e da infraestrutura necessária para futuras cirurgias experimentais. Todo o processo seguirá padrões rigorosos de biossegurança, rastreabilidade e bem-estar animal.
A iniciativa conta com a parceria do Instituto do Coração (InCor), do Instituto de Biociências da USP, da empresa farmacêutica EMS, da XenoBrasil e do Instituto de Zootecnia da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
O Nutabes adota o conceito One Health (Uma Só Saúde), que reconhece a interconexão entre a saúde humana, animal e ambiental. Essa abordagem é reconhecida por entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Food and Drug Administration (FDA), e busca prevenir doenças, promover o uso sustentável dos recursos naturais e antecipar crises sanitárias.
A pesquisadora Helena Corrêa de Araújo Gomes, gerente técnica do núcleo, afirma que o objetivo é integrar ciência e tecnologia em prol da saúde. “Imagine um futuro em que órgãos para transplante não sejam escassos e em que dispositivos inteligentes monitorem nossa saúde em tempo real. Com o Nutabes, o IPT amplia sua atuação em áreas de impacto direto, como diagnóstico, inovação terapêutica e prevenção de doenças.”
Além do xenotransplante, o Nutabes atuará em quatro frentes principais: saúde digital, com criação de tecnologias e dispositivos médicos voltados ao monitoramento e diagnóstico em hospitais ou domicílios; saúde ambiental, com estudo da relação entre florestas urbanas e bem-estar mental, controle de zoonoses e entomologia médica; bioengenharia, com desenvolvimento de dispositivos e soluções de diagnóstico rápido (point-of-care); e cannabis medicinal, com controle de qualidade e análise laboratorial de compostos com uso terapêutico.
O novo espaço, com 1.650 m², oferecerá ainda serviços personalizados, como modelagem molecular, simulações de ambientes naturais, treinamentos médicos e experiências interativas voltadas à inovação em saúde.
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