Mundo • 07:27h • 03 de dezembro de 2025
Salário é o fator de maior peso na redução da desigualdade nos últimos anos
Estudo do Ipea, divulgado nesta semana, mostra que resultados sociais e distributivos são os mais positivos da era pós-Real. E a renda do trabalho teve mais influência nisso até do que programas como Bolsa Família. Melhores resultados da série histórica foram registrados em mandatos de Lula
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência Gov | Foto: Arquivo Âncora1
Uma das principais notícias do fim de novembro veio de um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que apontou a maior redução das desigualdades sociais no Brasil desde 1995. O índice de Gini — que mede concentração de renda e condições de vida — caiu para 50,4 pontos, o menor da série. A melhora resulta de vários fatores, mas, segundo o Ipea, nos últimos anos a renda do trabalho e os salários tiveram peso maior nessa queda do que programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.
Entre 2023 e 2024, o último biênio analisado, cerca de metade da redução de 1,2 ponto no Gini veio do mercado de trabalho. As transferências assistenciais contribuíram com 0,2 ponto (16% da queda), enquanto os benefícios previdenciários responderam por 0,3 ponto (22%). Em uma escala que vai de 0 a 100, quanto menor o índice de Gini, maior a distribuição de renda.
No período mais longo, de 2021 a 2024, o Gini caiu 3,9 pontos. Desse total, 49% se devem aos rendimentos do trabalho e 44% às transferências assistenciais. Os dados não incluem 2025.
Com mais empregos e salários maiores, como mostram pesquisas recentes do IBGE, a renda do trabalho passou a ter impacto superior ao de programas como o Bolsa Família na redução da desigualdade.
Na última semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que os resultados sociais devem melhorar em 2025, com medidas como o Imposto de Renda zero para quem ganha até R$ 5 mil e redução de alíquotas para rendas até R$ 7,3 mil mensais.
PIB melhor distribuído
Outro ponto destacado pelo estudo, baseado na Pnad Contínua, é que, nos anos recentes, as médias das rendas familiares cresceram em ritmo semelhante ao PIB. Isso indica que a riqueza produzida no país está sendo distribuída de forma mais equilibrada.
O Ipea aponta que a renda domiciliar média teve o maior crescimento desde o Plano Real: alta de mais de 25% entre 2021 e 2024, com média anual de 7,8%. Em 2024, alcançou R$ 2.015 por pessoa, o maior valor da série histórica. A renda média acompanhou o PIB per capita, que voltou a crescer mais rapidamente no Brasil do que no restante do mundo em 2022, 2023 e 2024 — algo que não ocorria desde 2013.
Salário mínimo e impacto no trabalho
A política de valorização do salário mínimo, que calcula aumentos com base no PIB de dois anos antes somado à inflação do ano anterior, também contribui para elevar rendas. O crescimento econômico incorporado ao piso tende a influenciar os demais salários, irradiando ganhos ao longo da cadeia produtiva. Embora o estudo do Ipea não trate especificamente desse efeito, pesquisas do IBGE e do Dieese já destacaram a importância do piso salarial no mercado de trabalho.
Pandemia e variações excepcionais
O ano de 2020 aparece como um ponto fora da curva, quando a desigualdade caiu de forma acentuada por causa do auxílio emergencial aprovado durante a pandemia. Mas o efeito foi temporário: em 2021, a desigualdade voltou a subir.
Já 2022 entrou na série por conta da forte retração econômica causada pela pandemia e pela posterior recuperação, que registrou crescimento elevado devido à base comparativa muito baixa.
Melhores resultados ocorreram nos governos Lula
O Ipea também mostra que as maiores quedas na desigualdade, medidas pelo Gini e pela Razão de Palma (que compara a renda dos 10% mais ricos com a dos 40% mais pobres), ocorreram nos três mandatos de Lula e no primeiro de Dilma Rousseff.
Os anos Temer-Bolsonaro, por outro lado, registraram retrocessos e pioras nesses indicadores.
Se quiser, posso resumir ainda mais o texto ou deixá-lo com tom mais jornalístico ou analítico.
Aviso legal
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, integral ou parcial, do conteúdo textual e das imagens deste site. Para mais informações sobre licenciamento de conteúdo, entre em contato conosco.
Últimas Notícias
As mais lidas
Mundo
Todos os paulistanos são paulistas, mas nem todos os paulistas são paulistanos; entenda
Termos que definem identidade e pertencimento no Estado de São Paulo
Ciência e Tecnologia
Nova anomalia no 3I/ATLAS levanta hipótese inédita de mecanismo artificial no espaço