Saúde • 15:51h • 26 de dezembro de 2025
Ressaca não é castigo, é resposta do corpo, veja como se recuperar de forma inteligente
Dor de cabeça, enjoo e cansaço não são acaso, especialistas explicam por que o organismo sofre após o álcool e como acelerar a recuperação com hidratação, alimentação e escolhas corretas
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Allure | Foto: Arquivo/Âncora1
Depois de noites de celebração, confraternizações prolongadas e consumo elevado de bebidas alcoólicas, o corpo costuma dar sinais claros de que entrou em sobrecarga. Dor de cabeça, náusea, fadiga intensa e desidratação estão entre os sintomas mais comuns da ressaca, um quadro que vai além do desconforto momentâneo e reflete impactos metabólicos, inflamatórios e hormonais no organismo.
Com base em orientações de Karinee Abrahim, nutricionista do Instituto Nutrindo Ideais RJ, especialista em emagrecimento e metabolismo do esporte, e Leandro Figueiredo, nutrólogo do Instituto Nutrindo Ideais SP, este guia reúne estratégias práticas, seguras e fundamentadas na ciência para ajudar o corpo a se recuperar no pós-festa.
O que acontece no corpo durante a ressaca
Segundo Leandro Figueiredo, a ressaca é um fenômeno fisiopatológico complexo. Após a ingestão de álcool, o etanol é metabolizado no fígado em acetaldeído, um composto altamente tóxico que provoca estresse oxidativo e inflamação sistêmica.
Estudos mostram que a intensidade da ressaca não depende apenas da quantidade de álcool ingerida, mas da resposta inflamatória individual. Pessoas com níveis mais elevados de citocinas inflamatórias, como interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral alfa, tendem a apresentar sintomas mais intensos, mesmo após consumo semelhante.
Além disso, o álcool inibe o hormônio antidiurético, favorecendo perda excessiva de líquidos e eletrólitos. O resultado é desidratação, cefaleia, tontura e fraqueza. O fígado também reduz a produção de glicose, aumentando o risco de hipoglicemia, enquanto a fragmentação do sono intensifica o cansaço físico e mental no dia seguinte.
Hidratação é prioridade absoluta
A hidratação é a principal estratégia de recuperação. O álcool tem efeito diurético e promove perda significativa de água, sódio e potássio.
Antes e durante o consumo, a recomendação é intercalar cada dose alcoólica com um copo de água. No dia seguinte, a reposição deve ser reforçada.
Água de coco e isotônicos naturais ajudam a repor eletrólitos. Quando essas opções não estiverem disponíveis, uma alternativa simples é adicionar uma pitada de sal e uma fatia de limão à água, favorecendo a reposição hidroeletrolítica.
Alimentos que ajudam o fígado a se recuperar
A alimentação no pós-festa deve ser leve, nutritiva e funcional.
A banana é rica em potássio e ajuda a repor minerais perdidos. Uma unidade média fornece cerca de 360 mg de potássio.
Ovos são fontes de cisteína, aminoácido envolvido na neutralização do acetaldeído, auxiliando o processo de detoxificação hepática.
Caldos leves, de ossos ou vegetais, facilitam a digestão, contribuem para a hidratação e fornecem minerais importantes, como sódio e potássio.
Sucos reidratantes e antioxidantes
O objetivo dos sucos no pós-festa é reidratar, fornecer antioxidantes e auxiliar o metabolismo, sem substituir o consumo de água.
Suco de melancia, gengibre e hortelã
Melancia é rica em água e licopeno, o gengibre tem ação anti-inflamatória e a hortelã auxilia na digestão. Bater os ingredientes e consumir imediatamente ajuda na hidratação e no alívio do mal-estar.
Suco de abacaxi, pepino e hortelã
Segundo Karinee Abrahim, essa combinação favorece a reposição de líquidos e minerais. O abacaxi contém bromelina, com efeito anti-inflamatório, enquanto o pepino aumenta o teor de água. Pode-se adicionar uma pitada de sal marinho para reforçar os eletrólitos.
Suco de melão, gengibre e limão
O melão é rico em água e potássio, o gengibre contribui para reduzir inflamação e o limão fornece vitamina C. Ideal para consumo logo ao acordar.
Analgésicos: atenção ao que usar
Do ponto de vista médico, não se trata de evitar todos os analgésicos, mas de fazer escolhas seguras. Leandro Figueiredo alerta que medicamentos à base de paracetamol devem ser evitados nas primeiras 12 a 24 horas após o consumo de álcool.
O motivo é que o paracetamol é metabolizado no fígado e pode gerar um metabólito tóxico quando combinado ao álcool, aumentando o risco de lesão hepática, inclusive em doses consideradas terapêuticas.
Anti-inflamatórios não esteroides podem ser mais eficazes para aliviar dor e inflamação, pois atuam diretamente nas prostaglandinas envolvidas nos sintomas da ressaca. No entanto, devem ser usados com cautela, preferencialmente após alimentação, já que o álcool também agride a mucosa gastrointestinal.
Recuperação exige estratégia, não atalhos
A ressaca é um estado inflamatório e metabólico transitório. Hidratação adequada, reposição de eletrólitos, alimentação leve, descanso e uso racional de medicamentos formam o conjunto mais seguro e eficaz para a recuperação.
Não existem soluções milagrosas. O que existe é ciência aplicada ao cuidado com o corpo.
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