Mundo • 17:10h • 24 de dezembro de 2025
Relatório aponta por que o Brasil pode liderar o uso de caminhões elétricos na América Latina
Estudo indica que o país reúne condições energéticas, industriais e econômicas para acelerar a eletrificação do transporte pesado e assumir protagonismo regional
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Sherlock Assessoria | Foto: Arquivo/Âncora1
O Brasil está em posição estratégica para liderar a adoção de caminhões elétricos na América Latina, segundo o relatório “Dez razões para o Brasil liderar o uso de caminhões elétricos na América Latina”, elaborado pela campanha Gigantes Elétricos. O estudo analisa fatores estruturais, econômicos e sociais que colocam o país à frente no processo de eletrificação do transporte pesado, em um momento considerado decisivo para a transição energética regional.
De acordo com o documento, políticas públicas favoráveis, investimentos internacionais e iniciativas de grandes corporações criam um ambiente propício para uma transição segura e eficiente. O relatório aponta que a eletrificação da frota de caminhões pode gerar impactos positivos não apenas ambientais, mas também econômicos e sociais, com efeitos diretos sobre competitividade industrial, emprego e saúde pública.
Vantagem energética e base industrial
Um dos principais diferenciais do Brasil destacados no estudo é a matriz elétrica. Com mais de 80% da eletricidade gerada a partir de fontes renováveis, o país tem condições de operar caminhões de baixo carbono, com redução de custos operacionais que pode chegar a 76,5% em comparação aos veículos a diesel.
O relatório também ressalta a existência de reservas relevantes de terras raras, insumo estratégico para a produção de baterias. Esse fator abre espaço para agregação de valor industrial, redução da dependência tecnológica externa e fortalecimento de uma cadeia produtiva nacional voltada à mobilidade elétrica.
Liderança regional e mercado em expansão
Atualmente, o Brasil responde por cerca de 78% das exportações de veículos pesados na América Latina, com movimentação estimada em R$ 12 bilhões em 2024. Para os autores do relatório, a eletrificação da frota pode consolidar o país como um hub regional de caminhões elétricos, atendendo tanto o mercado interno quanto a demanda de países vizinhos.
As projeções indicam que o mercado brasileiro de caminhões elétricos deve crescer, em média, 25,6% ao ano entre 2025 e 2031. Esse avanço é impulsionado pela busca por soluções de transporte mais sustentáveis, incentivos governamentais e investimentos privados. Fabricantes como Scania, BYD e Volkswagen já anunciaram aportes em produção local, sinalizando que o setor está preparado para escalar.
Infraestrutura, negócios e empregos
O relatório aponta que a expansão da eletrificação exige investimentos robustos em infraestrutura. Para viabilizar o uso em larga escala, o Brasil precisará alcançar cerca de 15 mil pontos de recarga nos próximos anos. Esse movimento cria oportunidades de retorno de longo prazo para investidores e estimula inovação em logística, serviços digitais e gestão de energia.
Estudos do International Council on Clean Transportation indicam que a transição para caminhões elétricos pode mais que dobrar o número de empregos no setor automotivo até 2050. Atualmente, a indústria emprega mais de 100 mil trabalhadores na montagem de veículos e cerca de 300 mil na produção de autopeças. Mantida a tendência, o total de postos de trabalho pode ultrapassar 800 mil, abrangendo desde a fabricação de veículos e baterias até cadeias de suprimentos e serviços logísticos.
Segundo Thiago Rodrigues, do ICCT, a eletrificação cria um ambiente favorável para requalificação profissional e atração de talentos. “Além dos benefícios ambientais, a eletrificação da frota de caminhões pesados representaria uma oportunidade para modernizar a indústria nacional de veículos e baterias, promovendo a incorporação de novas tecnologias, alinhamento com as tendências globais de descarbonização e geração de emprego e renda”, afirma.
Impactos na saúde pública
O relatório destaca que os efeitos positivos da eletrificação vão além da economia. A substituição de caminhões a diesel por modelos elétricos pode reduzir em até 46% as emissões de gases de efeito estufa até 2050 e diminuir significativamente a poluição do ar. A queda na exposição a poluentes associados a doenças respiratórias, cardiovasculares e a alguns tipos de câncer pode gerar economias estimadas em R$ 25 bilhões para o sistema de saúde, com redução de internações e tratamentos.
Para comunidades urbanas e populações mais vulneráveis, a eletrificação do transporte pesado representa melhoria direta na qualidade do ar e avanço em justiça social, ao reduzir desigualdades relacionadas à exposição à poluição.
Janela de oportunidade
O estudo conclui que o momento de investir é agora. A combinação de crescimento do mercado, vantagens energéticas, geração de empregos, ganhos para a saúde pública e fortalecimento industrial posiciona o Brasil como potencial referência internacional em transporte sustentável. A adoção de caminhões elétricos é apresentada como um caminho para cidades mais saudáveis, uma indústria mais competitiva e um sistema de transporte alinhado às demandas ambientais do século XXI.
O relatório completo está disponível para download no site oficial da campanha Gigantes Elétricos.
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