Saúde • 08:45h • 29 de junho de 2025
Refluxo, cigarro e bebidas quentes: os vilões por trás do câncer de esôfago
Casos da doença devem crescer 80% até 2050; prevenção inclui alimentação saudável, controle do peso e fim do tabaco
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Sensu Comunicação | Foto: Divulgação
O câncer de esôfago é uma doença silenciosa, agressiva e, em muitos casos, evitável. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), a projeção global é preocupante: até 2050, o número de diagnósticos anuais pode saltar de 511 mil para 922 mil, um aumento de 80%. No Brasil, dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que a enfermidade deve atingir 8.200 homens em 2025, quase três vezes mais do que os 2.790 casos previstos entre as mulheres.
A condição é provocada, na maioria das vezes, por agressões contínuas ao revestimento do esôfago. Entre os principais fatores de risco estão o refluxo gastroesofágico, o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, a obesidade, o baixo consumo de frutas e vegetais, e o hábito de ingerir líquidos em temperaturas muito elevadas. A doença também está ligada a alterações pré-cancerosas, como o esôfago de Barrett.
Em termos de prevalência, o Brasil lidera a América Latina em número absoluto de casos, mas fica em 5º lugar quando se considera a taxa por 100 mil habitantes. O Uruguai, por sua vez, ocupa a 9ª posição em número de casos, mas tem a 2ª maior prevalência da região. O ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica foi diagnosticado com câncer de esôfago em 2024 e teve a morte anunciada em junho de 2025.

Cigarro e bebida alcoólica estão associados com desenvolvimento de câncer de esôfago | Foto: Alex I
Diagnóstico precoce aumenta sobrevida
O câncer de esôfago, especialmente nos estágios iniciais, é frequentemente assintomático. Quando os sintomas aparecem, incluem dificuldade para engolir, perda de peso, queimação no peito, rouquidão e azia persistente. Em casos avançados, já com metástases, o tratamento tende a ser paliativo. Segundo o Instituto Nacional do Câncer dos EUA, pacientes diagnosticados ainda em fase inicial têm 48,1% de chance de sobreviver por pelo menos cinco anos.
Formas de diagnóstico incluem:
- Endoscopia com biópsia
- Tomografia computadorizada (TC)
- PET Scan
- Ultrassom endoscópico
- Broncoscopia
Tratamento e cirurgia
O tratamento depende do estadiamento da doença. Em estágios iniciais (0 ou I), a remoção do tumor por endoscopia ou esofagectomia pode ser suficiente. Já em fases II e III, com disseminação local, a abordagem combinada com quimioterapia e radioterapia costuma ser adotada antes da cirurgia. Nos casos de metástase (estágio IV), o foco é a qualidade de vida do paciente.
A cirurgia mais comum é a esofagectomia, que pode ser feita por técnicas abertas ou minimamente invasivas. Em alguns casos, é necessário reconstruir o canal alimentar usando o próprio estômago ou segmentos do intestino.
Prevenção é o melhor caminho
O presidente da SBCO, Rodrigo Nascimento Pinheiro, reforça que o câncer de esôfago é, em grande parte, evitável. “Campanhas de conscientização, mudanças nos hábitos alimentares e combate ao tabagismo e ao etilismo são essenciais para reduzir a mortalidade”, explica.
As recomendações incluem:
- Não fumar nem usar derivados do tabaco (charuto, narguilé, cigarro eletrônico)
- Reduzir o consumo de álcool
- Evitar líquidos muito quentes
- Manter o peso adequado
- Ter uma dieta rica em frutas e vegetais
- Tratar o refluxo quando presente
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