Educação • 10:31h • 10 de outubro de 2025
Professores brasileiros usam mais IA que a média dos países da OCDE
Cerca de 56% dos professores dizem usar IA no dia a dia da sala de aula, mas a pesquisa mostra também que eles querem mais formação para o uso da tecnologia
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência Brasil | Foto: Arquivo Âncora1

No Brasil, 56% dos professores afirmam utilizar ferramentas de inteligência artificial (IA) para preparar aulas ou aprimorar o ensino em sala, segundo a Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis) 2024, divulgada na segunda-feira (6) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O índice é bem superior à média dos países da OCDE, que é de 36%.
O levantamento ouviu docentes e diretores dos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) em 53 países.
Entre os brasileiros, a maioria relatou usar IA para gerar planos de aula e atividades (77%), ajustar o nível de dificuldade dos materiais conforme o desempenho dos alunos (64%) e aprender ou resumir conteúdos de forma mais eficiente (63%). Já os usos menos frequentes incluem revisar dados de desempenho e participação (42%), gerar feedback ou comunicações com famílias (39%) e corrigir trabalhos (36%).
A pesquisa ressalta que os efeitos da IA na educação ainda são incertos. “Embora a inteligência artificial esteja se tornando parte do cotidiano, sua influência a curto e longo prazo na educação ainda não é totalmente compreendida. Também permanece em aberto a questão sobre como ela deve ser usada no ensino”, diz o relatório.
O uso da tecnologia varia entre os países. Em Singapura e nos Emirados Árabes Unidos, cerca de 75% dos professores afirmam utilizá-la, enquanto na França e no Japão o índice não chega a 20%. O Brasil ocupa a 10ª posição entre os países pesquisados.
Formação docente
A Talis aponta que os professores brasileiros sentem falta de formação específica para o uso de tecnologia, especialmente de IA. As principais áreas em que dizem precisar de capacitação são: ensino de alunos com necessidades especiais (48%), uso de inteligência artificial no ensino e aprendizagem (39%) e atuação em contextos multiculturais ou multilíngues (37%).
Entre os que não utilizaram IA nos 12 meses anteriores à pesquisa, 64% afirmaram que não o fizeram por falta de conhecimento ou habilidades, percentual inferior à média da OCDE (75%). Além disso, 60% apontaram a falta de infraestrutura nas escolas como obstáculo — nesse caso, acima da média dos países da OCDE (37%).
Tecnologia em sala de aula
O estudo também mostra que 17% dos professores brasileiros trabalham em escolas onde ao menos uma aula foi ministrada de forma híbrida ou online no último mês, número ligeiramente acima da média da OCDE (16%).
A percepção sobre o impacto das ferramentas digitais é diversa. Em média, 85% dos professores concordam que elas despertam maior interesse dos alunos pela aprendizagem. Por outro lado, menos de 50% dos docentes na Áustria, Bélgica (Comunidade Francesa), Finlândia, França e Suécia acreditam que essas ferramentas melhoram o desempenho acadêmico — enquanto em países como Albânia, Arábia Saudita e Vietnã o índice supera 95%.
Esta é a 4ª edição da Talis. No Brasil, a pesquisa foi aplicada entre junho e julho de 2024 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), com apoio das secretarias de Educação dos 27 estados.
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