Responsabilidade Social • 08:48h • 25 de novembro de 2024
Produção de bioplástico sustentável no Brasil depende de gestão eficaz dos resíduos
Estudo revela que o Brasil tem potencial para substituir plásticos derivados de combustíveis fósseis, mas alerta para a importância de uma cadeia de reciclagem bem estruturada
Da Redação | Com informações da Agência Brasil | Foto: Arquivo/Âncora1

O Brasil tem um grande potencial para se tornar líder na produção de bioplásticos a partir de fontes renováveis, como a cana-de-açúcar, mas isso só será possível com uma gestão cuidadosa dos resíduos e a implementação eficiente de sistemas de reciclagem. É o que aponta um estudo recente do Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR), do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), publicado na revista científica Nature. O estudo destaca que, se feita corretamente, a produção de bioplásticos pode ser uma solução promissora, sem causar impactos negativos no meio ambiente ou na biodiversidade.
A pesquisa, que avaliou cenários até 2050, analisou o uso de áreas agrícolas que podem receber a cana como cultura alternativa, especialmente aquelas terras que já estão sendo usadas para pastagem, mas que não são adequadas para o cultivo contínuo devido ao desgaste do solo. Os resultados apontam que a melhor forma de substituir os plásticos derivados de petróleo seria priorizar essas áreas degradadas para o cultivo da cana-de-açúcar, utilizando a infraestrutura já existente das usinas. Essa abordagem traria benefícios adicionais, como a redução das emissões de carbono e o uso mais eficiente dos recursos hídricos.
Segundo o estudo, o Brasil poderia utilizar até 3,55 milhões de hectares para a produção de bioplástico, sem impactar negativamente o meio ambiente. Isso corresponde a uma fração significativa da demanda global, que pode chegar a 22 milhões de hectares. As áreas mais promissoras para o cultivo de cana estão nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, regiões que têm enfrentado um aumento das queimadas nos últimos anos, como foi observado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
O estudo também levantou dados sobre o crescimento do consumo de petróleo para a produção de plásticos, que representa atualmente 5% a 7% do consumo global de petróleo, mas que pode chegar a 20% até 2050. Isso também se reflete nas emissões de gases de efeito estufa, que poderiam ser reduzidas com a implementação do bioplástico de base biológica, o bioPE, produzido a partir da cana-de-açúcar e outras culturas como mandioca, batata-doce e fibra de coco.
A pesquisadora responsável pelo estudo, Thayse Hernandes, doutora em planejamento de sistemas energéticos pela Universidade de Campinas, explicou que, apesar dos avanços nas tecnologias de produção de bioplástico, o grande desafio está na gestão do descarte desse material. Embora o bioPE tenha a vantagem de reduzir a dependência do petróleo e estocar carbono da atmosfera, ele não é biodegradável. Ou seja, o problema de resíduos plásticos continua existindo, com risco de que o material acabe nos oceanos, como acontece com o plástico fóssil.
Hernandes destacou que uma boa estratégia de coleta e reciclagem é crucial para garantir a sustentabilidade do bioplástico. A falta de uma infraestrutura de coleta eficiente pode gerar impactos negativos, inclusive em áreas de proteção ambiental e em comunidades locais, além de reduzir a eficiência da produção de bioPE.
“Não basta ter um processo de reciclagem avançado se a coleta não for bem organizada. A questão do descarte é um problema de governança, que precisa ser resolvido em todos os níveis do governo, desde prefeituras até o governo federal. Sem essa solução, não conseguiríamos produzir bioplástico de maneira sustentável”, afirmou Hernandes.
O estudo sugere que, se as questões de reciclagem forem devidamente tratadas, a produção de bioplástico pode se tornar uma alternativa viável e ambientalmente amigável ao plástico convencional, proporcionando benefícios tanto para a economia quanto para o meio ambiente.
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