Economia • 13:49h • 25 de junho de 2025
Pós-pandemia, e-commerce de pequenas empresas se mantém em alta e cresce 1.200%
E-commerce nacional movimentou R$ 225 bilhões em 2024; negócios com MPEs foram responsáveis por 30% desses valores. Dados estão na terceira edição do Dashboard de Comércio Eletrônico Nacional, do MDIC
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência Gov | Foto: Arquivo Âncora1

As vendas online de micro e pequenas empresas brasileiras dispararam nos últimos cinco anos, crescendo quase 1.200%. Em 2019, elas movimentaram R$ 5 bilhões no comércio eletrônico. Em 2024, esse valor saltou para R$ 67 bilhões. Os dados fazem parte da terceira edição do Dashboard de Comércio Eletrônico Nacional, elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) com informações da Receita Federal.
Pela primeira vez, o painel apresenta recortes específicos sobre o desempenho das empresas optantes pelo Simples Nacional nas vendas pela internet. O levantamento mostra que empresas de médio e grande porte também registraram crescimento expressivo no período, embora em proporção menor: passaram de R$ 49 bilhões em 2019 para R$ 158 bilhões em 2024 — um aumento de 220%.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira, o e-commerce foi impulsionado principalmente pela pandemia de Covid-19, entre 2020 e 2022, e se manteve em alta com a recuperação da economia brasileira.
Para ele, o desempenho reflete tanto mudanças estruturais no mercado quanto o ritmo acelerado da economia desde 2023. Moreira lembrou que, no início do governo Lula, a projeção de crescimento do PIB era de 1,6%, mas o país encerrou o ano com alta de 3,2%. Em 2024, o crescimento chegou a 3,4%, frente a uma expectativa de 0,9%. A taxa de desemprego também recuou para o menor nível da história, atingindo 6,6%, acompanhada pelo aumento da massa de rendimentos.
Entre 2022 e 2024, o crescimento do comércio eletrônico como um todo foi de 28,7%, enquanto para as micro e pequenas empresas chegou a 76,3%.
Segundo o secretário, os bons resultados não ocorrem por acaso. Ele atribui o avanço a políticas econômicas acertadas e ao incentivo de grandes programas do governo federal, como o Novo PAC, a Nova Indústria Brasil (NIB) e o Plano de Transformação Ecológica. “O crescimento vem do investimento público que impulsiona o setor privado”, afirmou.
Moreira também destacou medidas que contribuem para o aumento das vendas, como a valorização do salário mínimo e a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. “Com crescimento e distribuição de renda, fortalece-se o poder de compra dos trabalhadores”, disse.
Mercado em expansão
Em 2024, o comércio eletrônico brasileiro movimentou R$ 225 bilhões em vendas com emissão de nota fiscal, crescimento de 14,6% em relação ao ano anterior e de 311% em cinco anos. Desde o início da série histórica, em 2016, já foram negociados R$ 1 trilhão em produtos por meio do e-commerce no país.
Entre os itens mais vendidos no ano estão celulares (4,1% do total), livros (3,3%), refrigeradores (2,6%), televisores (2,2%), complementos alimentares (2,1%), computadores (2,0%) e calçados esportivos (1,1%). Também se destacam aparelhos de ar-condicionado, pneus e produtos para cabelo, cada um com 1,1% de participação.
Nas micro e pequenas empresas, o ranking muda. Os produtos mais vendidos em valor foram obras de plástico (2,7%), complementos alimentares (2,1%), livros (1,6%), peças para motocicletas (1,3%) e calçados (1,2%). Também aparecem na lista utensílios de cozinha, móveis de madeira, artefatos diversos e acessórios para tratores e veículos, todos com 0,9%.
Diversidade regional
O painel traz ainda um recorte regional das vendas online, destacando produtos de acordo com as características de cada estado. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o vinho aparece entre os principais itens vendidos por empresas do Simples Nacional. Em Goiás, são acessórios para tratores; em Minas Gerais, calçados; no Pará, purê de açaí; e em Alagoas, frutas.
Apesar da diversidade, o comércio eletrônico segue concentrado na região Sudeste, que respondeu por 77,2% das vendas em 2024. Em seguida vêm Sul (14,1%), Nordeste (5,5%), Centro-Oeste (2,5%) e Norte (0,6%).
O Sudeste também lidera nas compras feitas via internet, com 55,9% do total, seguido pelas regiões Sul (16,6%), Nordeste (16,1%), Centro-Oeste (8%) e Norte (3,4%).
Ações para descentralizar o setor
Para combater a concentração regional do setor, o MDIC e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) têm investido em políticas públicas voltadas à interiorização do comércio eletrônico. Um exemplo é o edital E-Commerce.BR, lançado em 2023 para fomentar o setor nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Na primeira fase, encerrada em abril, foram selecionados 20 projetos que seguem agora para mentorias individuais, com apoio metodológico até julho. Inicialmente, a proposta previa uma vaga por estado, mas três não apresentaram projetos habilitados e as vagas foram redistribuídas entre os de melhor pontuação.
Foram contemplados projetos dos seguintes estados: Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás (2), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Sergipe, Ceará (2) e Tocantins (2).
Após as mentorias, nove projetos serão escolhidos para receber apoio financeiro de R$ 380 mil. Desses, três passarão para a fase de escalonamento em 2026, com acompanhamento técnico e um novo aporte de R$ 500 mil.
Aviso legal
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, integral ou parcial, do conteúdo textual e das imagens deste site. Para mais informações sobre licenciamento de conteúdo, entre em contato conosco.
Últimas Notícias
As mais lidas
Ciência e Tecnologia
Como se preparar para o primeiro apagão cibernético de 2025
Especialistas alertam para a necessidade de estratégias robustas para mitigar os impactos de um possível colapso digital