Esporte • 16:10h • 18 de junho de 2025
Por que atletas de alto rendimento precisam entender contratos, direitos de imagem e leis esportivas
Casos como os de Neymar e Bruno Henrique reforçam a importância de orientação legal no esporte de alto rendimento, desde contratos até questões disciplinares
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Mention | Foto: Divulgação

No universo do esporte profissional, o talento em campo representa apenas uma parte da equação. Fora das quatro linhas, os atletas enfrentam um ambiente jurídico cada vez mais complexo e determinante para o sucesso ou fracasso de suas carreiras. Em modalidades como o futebol, que mobiliza cifras milionárias no Brasil, a falta de conhecimento sobre direitos e deveres expõe principalmente os mais jovens a riscos como contratos abusivos, perda de autonomia e infrações disciplinares.
A assessoria jurídica, muitas vezes vista como um serviço opcional, tem se mostrado um pilar essencial na proteção dos interesses dos atletas. Questões como direito de imagem, estrutura dos contratos esportivos e funcionamento da Justiça Desportiva passaram a fazer parte da rotina de quem busca não apenas desempenho, mas também segurança fora dos gramados.
O direito de imagem, por exemplo, se tornou um dos ativos mais valiosos no esporte, impulsionado pelas redes sociais e campanhas publicitárias. No entanto, negociações mal conduzidas ainda são frequentes e podem comprometer tanto os ganhos quanto a reputação pública do atleta.
Casos que mostram o impacto da justiça no esporte
O exemplo mais emblemático da transformação que o direito pode gerar no cenário esportivo é o Caso Bosman, de 1995. Na época, o jogador belga Jean-Marc Bosman processou seu clube, o RFC Liège, e a UEFA, contestando regras que limitavam a sua transferência mesmo após o término de contrato. O Tribunal de Justiça da União Europeia decidiu a favor do atleta, garantindo o direito à livre movimentação e eliminando restrições baseadas em nacionalidade. A decisão mudou para sempre o mercado de transferências no futebol europeu.
No Brasil, leis como a Lei Pelé (Lei n.º 9.615/1998) e a recente Lei Geral do Esporte (Lei n.º 14.597/2023) também representam avanços na regulamentação das relações esportivas, incluindo tanto os profissionais quanto os atletas em formação. Mas a eficácia dessas normas depende diretamente do grau de compreensão dos próprios atletas.
O desafio da formação educacional dos atletas
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), analisados pela Revista Quero, mostram que apenas 1,4% dos jogadores contratados entre dezembro de 2018 e março de 2019 tinham Ensino Superior completo ou em andamento. Isso equivale a apenas 47 atletas, sendo que apenas 20 concluíram a graduação. O déficit educacional amplia a vulnerabilidade dos atletas, deixando-os dependentes de terceiros para decisões contratuais, financeiras e legais.
Exemplos recentes reforçam a importância da assessoria
Casos recentes reacenderam o debate sobre a necessidade de orientação jurídica. O atacante Bruno Henrique foi indiciado por suposta fraude ao forçar um cartão amarelo, com base no artigo 200 da nova Lei Geral do Esporte, cuja pena pode variar de dois a seis anos de prisão. A acusação trouxe à tona discussões sobre intenção, prova e interpretação da norma.
Outro exemplo foi Neymar, que perdeu uma disputa contra o Barcelona envolvendo o não pagamento de um bônus contratual. O caso evidenciou como mesmo atletas de elite podem ser afetados por cláusulas mal interpretadas ou mal conduzidas.
Conhecimento jurídico como ferramenta de proteção e valorização
Mais do que um detalhe técnico, a educação jurídica tornou-se um verdadeiro escudo para os atletas. Um contrato mal negociado, um direito de imagem desvalorizado ou um deslize disciplinar podem transformar oportunidades em armadilhas.
A educação jurídica é, hoje, uma forma de empoderamento. Atletas que investem em conhecimento e buscam assessoria especializada protegem sua carreira e valorizam seu maior ativo: eles mesmos. O talento pode brilhar dentro de campo, mas é a segurança jurídica que garante que esse brilho não seja ofuscado fora dele.
*Com contribuições de João Antonio de Albuquerque e Souza, presidente do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJDAD)
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