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Mundo • 10:46h • 23 de outubro de 2024

Pobreza extrema atinge 1 bilhão de pessoas no mundo; no Brasil recua em 9,6 milhões

Levantamento aponta que desses 1 bilhão, 34 milhões vivem na América Latina, enquanto o Brasil retirou quase 10 milhões dessa situação em 2023

Da Redação/CUT | Foto: Arquivo Agência Brasil

Em 2023 cerca de 20 milhões de brasileiros foram retirados de um quadro de insegurança alimentar moderada ou grave, segundo o levantamento do Instituto Fome Zero.
Em 2023 cerca de 20 milhões de brasileiros foram retirados de um quadro de insegurança alimentar moderada ou grave, segundo o levantamento do Instituto Fome Zero.

Enquanto o Brasil tirou 9,6 milhões de brasileiros e brasileiras da condição de extrema pobreza em 2023, a situação ao redor do mundo piorou. Mais de 1 bilhão de pessoas estão na linha de pobreza aguda, das quais quase metade (455 milhões) se concentra em países que estão em guerra.

O estudo, divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em colaboração Universidade de Oxford, no último dia 17, data que celebra o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, indica que situação é mais grave nas zonas rurais, onde 28% da população mundial são pobres, do que nas zonas urbanas, onde essa condição afeta 6,6% das pessoas.

No Brasil, o resgate das políticas públicas no terceiro mandato do governo do presidente Lula (PT) como transferência de renda com a criação do novo Bolsa Família, ajuda adicionais às famílias com crianças de até seis anos de idade e a políticas de segurança alimentar foram medidas imediatas que tiraram o país do mapa da fome, herdado pelo governo de extrema direita de Jair Bolsonaro (PL).

“Foi uma redução muito drástica da fome [em 2023] e, portanto, satisfatória. O que motivou isso no meu ponto de vista foi a retomada das políticas públicas e sociais”, avalia o analista de políticas da Action Aid, Francisco Menezes.

Os esforços dos dois governos Lula anteriores para reduzir a fome e a extrema pobreza, mantidos durante a primeira gestão da presidenta Dilma Rousseff (PT), tiraram o país do Mapa da Fome em 2014. Agora, em quase dois anos de governo, vê-se a queda vertiginosa de 33 milhões de brasileiros passando fome, em 2022, para 8,6 milhões, em 2024 – 3,9% da população.

“Mais acesso à renda é uma das importantes medidas da política de segurança alimentar, que já tinha sido praticada anteriormente pelo presidente Lula nos seus dois mandatos anteriores”, prossegue Menezes

Também em 2023, cerca de 20 milhões de brasileiros foram retirados de um quadro de insegurança alimentar moderada ou grave, segundo o levantamento do Instituto Fome Zero, a partir de dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE.

A insegurança alimentar moderada é quando a pessoa não consegue ter as três refeições diárias ou não se alimenta o bastante. Já a insegurança alimentar grave, quando o indivíduo fica um ou mais dias sem comer, em situação de fome.

Bolsonaro levou o Brasil de volta para o mapa da fome

Na opinião do consultor, os programas de transferência de renda do governo Bolsonaro tiveram sérios problemas, sobretudo pela existência dos cadastros online, que não eram acessíveis à população mais necessitada.

“Houve muitos erros de implementação, sobretudo no chamado Auxílio Brasil. Não só erros, como se juntou uma parte de outras iniciativas que não funcionaram dentro do programa de transferência de renda do governo Bolsonaro. Do lado disso, registro, sobretudo em função do teto de gastos. Isso já vinha desde o governo Temer, com cortes orçamentários bastante elevados, como, por exemplo, o programa de cisternas no semiárido, foi praticamente paralisado. Outras séries de programas foram também extintos ou com orçamento reduzido, tendo, portanto, reflexos nessa situação de fome”, afirma.

Para Francisco Menezes, a falta de medidas adequadas no combate à pandemia piorou a fome no Brasil. “Há uma discussão do quanto a falta de medidas adequadas no combate a pandemia, no negacionismo da vacina, piorando a crise econômica que já era sentida desde 2018”.

Fome dispara na Argentina

Na Argentina a situação se agravou. O número de pessoas que vive abaixo da linha da pobreza aumentou no primeiro semestre deste ano e chegou a 15,7 milhões, segundo levantamento do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos do país (Indec), divulgado em setembro.

A pesquisa, que abrange 31 aglomerados urbanos do país vizinho aponta que mais da metade da população (52,9%) está em situação de pobreza, cenário que abrange 4,3 milhões de famílias, 42,5% do total do país.

O governo de extrema direita de Javier Milei tem sido acusado de não distribuir alimentos para os restaurantes populares (conhecidos como comedores) deixando os produtos chegarem próximo à data de vencimento. Milei também impôs uma agenda neoliberal econômica que retirou direitos dos trabalhadores, arrochou salários e aumentou as tarifas de serviços públicos.

Dados mundiais

Ainda de acordo com o relatório elaborado em conjunto com a Iniciativa para a Pobreza e o Desenvolvimento Humano da Universidade de Oxford, 3% de 1,1 bilhão de pobres (34 milhões) vivem na América Latina.

O levantamento da ONU indica que que grande parte da população que vive na pobreza (83,2% de 1,1 bilhão) se encontra nas regiões da África Subsaariana (553 milhões) e no sul da Ásia (402 milhões).

 

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