Economia • 14:03h • 30 de junho de 2025
PIX Automático pode virar armadilha para empreendedores digitais; risco de calote é real
Nova funcionalidade do Banco Central levanta debate sobre sustentabilidade financeira de cursos e produtos digitais com pagamentos recorrentes
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Lara Assessoria | Foto: Divulgação

A implementação do PIX Automático, iniciada em 16 de junho, tem gerado expectativas no mercado financeiro, mas também preocupação entre infoprodutores — empreendedores que comercializam cursos, mentorias e outros produtos digitais. Apesar de prometer agilidade nas cobranças recorrentes, a nova funcionalidade transfere para o vendedor o risco de inadimplência caso o cliente não tenha saldo suficiente em conta no momento da cobrança.
“A lógica é simples: se o cliente não tiver saldo em conta, a tentativa de débito é repetida algumas vezes. Se todas falharem, a cobrança é encerrada e o infoprodutor não recebe”, explica Reinaldo Boesso, CEO e cofundador da fintech TMB. Diferente dos cartões de crédito, que contam com garantias e intermediários financeiros, o PIX Automático não assegura a compensação dos pagamentos, deixando o fluxo de caixa do vendedor vulnerável.
O alerta é especialmente relevante em um setor que movimentou cerca de R$ 2,5 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira de Startups (Abstartups). Produtos digitais de alto valor, que têm preço médio de R$ 1.997, dependem de pagamentos parcelados para viabilizar vendas, principalmente considerando que o limite médio do cartão de crédito no Brasil é de R$ 1.401, segundo o SPC Brasil.
Alternativas como o boleto parcelado cresceram justamente para preencher essa lacuna, oferecendo parcelamento sem comprometer o limite do cartão e com cobrança recorrente garantida por contrato. A TMB, por exemplo, opera majoritariamente nesse modelo e relata crescimento de 11.700% na base de clientes desde 2021, com aumento de 355% na aprovação de crédito após incorporar inteligência antifraude e score personalizado.
Segundo Boesso, o infoprodutor que pretende adotar o PIX Automático precisa ter estratégias claras para reduzir riscos. “Não basta só pensar na praticidade. É necessário ter contrato assinado, controle de parcelas e sistemas de cobrança estruturados para garantir previsibilidade financeira”, afirma.
Embora o PIX siga como o meio de pagamento mais popular do país com 149 milhões de usuários cadastrados e mais de 4 bilhões de transações mensais, o desafio dos pagamentos recorrentes ainda exige amadurecimento no Brasil. “O barato pode sair caro se não houver estratégia e segurança para quem vende”, conclui o especialista.
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