Saúde • 13:09h • 04 de outubro de 2025
Pesquisadores criam padrão global para estudo do gasto energético
Publicado na revista Nature Metabolism, o novo protocolo unifica regras para avaliar gasto energético em experimentos com roedores. A padronização promete resultados mais consistentes, abre espaço para uso de inteligência artificial e pode impulsionar o desenvolvimento de novos medicamentos contra obesidade e doenças metabólicas
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência SP | Foto: Arquivo Âncora1

Em meio ao avanço dos tratamentos contra a obesidade, um grupo de cerca de 80 pesquisadores de 18 países, incluindo o Brasil, apresentou uma padronização inédita para medir o gasto energético em modelos experimentais. O artigo foi publicado na quarta-feira (1º) na revista Nature Metabolism.
Até agora, não havia normas unificadas para esse tipo de análise, o que resultava em dados pouco comparáveis entre diferentes laboratórios. A iniciativa propõe um conjunto de regras e unidades padronizadas para experimentos de calorimetria indireta — técnica que mede oxigênio consumido, gás carbônico produzido, ingestão de energia, atividade física e gasto energético de roedores.
Segundo os cientistas, a padronização permitirá resultados replicáveis e consistentes, favorecendo a criação de um banco de dados global. Isso abre caminho para análises mais sofisticadas, inclusive com uso de inteligência artificial, além de fortalecer o desenvolvimento de novas classes de fármacos que atuem não só na redução da fome, mas também no aumento do gasto energético.
Para Licio Augusto Velloso, diretor do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC) da Unicamp e um dos autores do estudo, a iniciativa preenche uma lacuna importante:
“Mesmo com os avanços recentes, os medicamentos disponíveis apenas reduzem a fome. A terapia ideal precisa também estimular o gasto energético. O desafio sempre foi padronizar a forma de medir esse processo.”
O Brasil teve participação de destaque na pesquisa, com atuação de grupos da Unicamp e da USP. De acordo com o professor José Donato Junior, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, a falta de uniformidade já gerou até resultados contraditórios na literatura científica:
“Cada laboratório apresentava os dados de forma diferente. Agora, com padrões definidos por um consórcio internacional, será possível comparar estudos de forma muito mais precisa.”
A padronização também deve ajudar a investigar mecanismos de doenças multifatoriais como diabetes, hipertensão e aterosclerose, além de apoiar a busca por medicamentos capazes de estimular a termogênese — processo em que células de gordura gastam energia produzindo calor.
Segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025, mais de 1 bilhão de pessoas vivem com a doença no mundo. No Brasil, cerca de 31% da população é obesa, e quase metade dos adultos não pratica atividade física na frequência recomendada.
Com a adoção das novas normas, os pesquisadores esperam que grandes revistas científicas e congressos da área passem a exigir os padrões em estudos sobre metabolismo, estabelecendo uma referência internacional para o campo.
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