Saúde • 15:52h • 20 de maio de 2025
Pesquisa revela por que o overtraining afeta o corpo
Pesquisadores da Unicamp e colaboradores notaram que a hiperativação da proteína PARP1 após treinamento exaustivo estava relacionada com perda de performance, fadiga e sintomas comportamentais do overtraining em testes com roedores
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência SP | Foto: Foto: Ana Paula Morelli/LaBMEx-FCA-Unicamp

Treinar demais e descansar de menos pode prejudicar o corpo de várias formas. Quando isso passa dos limites, pode evoluir para a síndrome do overtraining, um quadro que provoca perda de desempenho, fadiga constante, dores musculares, queda na imunidade e até alterações no metabolismo e no comportamento.
Pesquisadores da Unicamp descobriram um dos fatores por trás desses sintomas. Em um estudo com camundongos, eles identificaram que o excesso da proteína PARP1 no músculo está ligado aos efeitos do treino exagerado. Essa proteína, que normalmente ajuda a proteger as células sob estresse, foi encontrada em níveis muito altos nos animais submetidos a esforços físicos intensos, e isso gerou prejuízos físicos e comportamentais.
A pesquisa foi publicada na revista Molecular Metabolism e faz parte do doutorado da cientista Barbara Crisol, sob coordenação do professor Eduardo Ropelle, da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), em Limeira.
Os cientistas também testaram um remédio — o olaparibe, usado no tratamento de câncer — e perceberam que ele impediu a ação exagerada da PARP1, protegendo os animais dos sintomas do overtraining. Mas os autores alertam: o medicamento não pode ser usado para isso em humanos, pois tem efeitos colaterais importantes, como a supressão do sistema imune.
Agora, o grupo busca alternativas naturais para inibir a proteína sem prejudicar a saúde, o que poderia ajudar tanto atletas quanto pessoas comuns que enfrentam os impactos do excesso de treino.
Testes com humanos
Parte do estudo também foi realizada na Suécia, com voluntários submetidos a três semanas de treinos intervalados de alta intensidade (HIIT), com poucas pausas para descanso. Os pesquisadores analisaram amostras de músculo dos participantes e observaram os mesmos sinais encontrados nos camundongos: queda no desempenho físico, piora na tolerância à glicose e menor produção de energia pelas células.
Além disso, os músculos dos voluntários também apresentaram aumento da atividade da PARP1 — o que reforça a ligação entre a proteína e os efeitos do overtraining.
Mais do que um problema de performance
A proteína PARP1 já vem sendo estudada em diversas condições de saúde, como distrofias musculares, obesidade, caquexia (perda muscular em pacientes com câncer) e até em casos graves de infecção. Em todos esses quadros, os níveis da proteína estão elevados.
Para os cientistas, encontrar uma forma segura de controlar essa atividade pode abrir caminhos para o tratamento de várias doenças — e também para proteger quem treina demais, com ou sem objetivos profissionais.
“O overtraining enfraquece a pessoa por completo, até no aspecto emocional. Quando conseguimos bloquear a ação da PARP1, vimos que até isso melhora nos camundongos. Descobrir formas de reduzir esses efeitos pode fazer muita diferença”, conclui o professor Ropelle.
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