Ciência e Tecnologia • 13:05h • 27 de outubro de 2025
Pesquisa destaca: prioridade de pais e educadores é o presente digital, não o futuro do trabalho
Estudo aponta que adultos querem reassumir o papel de orientadores no uso da tecnologia por jovens e crianças, com foco em ética, privacidade, equilíbrio e combate às fake news
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Arquivo/Âncora1
Um novo estudo sobre o comportamento digital das famílias brasileiras revela que pais e educadores estão mais preocupados com o uso consciente da tecnologia no presente do que com o preparo para o futuro profissional. A pesquisa, realizada em setembro com 363 respostas quantitativas e 182 qualitativas, mostra que 69% dos participantes têm entre 40 e 59 anos e que, para a maioria, é urgente retomar o papel de orientação diante do impacto das telas na formação de crianças e adolescentes.
Os resultados indicam que os adultos consideram prioritário ensinar temas como proteção de dados e privacidade (89%), comportamento ético e responsável no ambiente digital (88%), equilíbrio no tempo de tela e prevenção de impactos à saúde mental (88,6%) e identificação de fake news e manipulações algorítmicas (84,5%).
O levantamento foi conduzido pela Dra. Betina von Staa, educadora e pesquisadora em tecnologia educacional há mais de 20 anos, e por Léo Salomone, engenheiro e pesquisador da Universidade Carleton, no Canadá. Segundo os autores, o estudo busca apoiar a implantação da Política Nacional de Educação Digital (PNED), que entra em vigor em toda a rede escolar no próximo ano letivo.
Para Betina von Staa, o estudo confirma uma mudança importante no papel dos adultos. “Um movimento ganha força: a retomada do empoderamento dos adultos quando o assunto é tecnologia. Desde o final da década de 90, pais e professores concederam à geração Z a autonomia do conhecimento digital. E hoje, educadores, pais e profissionais que convivem com jovens e crianças reivindicam o papel de guias e orientadores. A percepção é clara: os jovens precisam de referências sólidas, e os adultos estão dispostos a reassumir essa responsabilidade”, afirma.
A pesquisadora destaca ainda que o estudo desmonta o mito dos “nativos digitais” — a ideia de que as gerações Z e Alfa, nascidas após 1995, estariam naturalmente preparadas para lidar com o ambiente tecnológico. “Os dados mostram o contrário: é necessário ensinar o uso ético e consciente da tecnologia. O futuro digital depende da educação do presente”, pontua.
Vozes da pesquisa
Em Fortaleza, a professora Maria Ângela de Silveira Borges, da Escola Estadual Profissionalizante de Fortaleza, defende o protagonismo de pais e educadores nesse processo. “As crianças precisam de uma educação que forme uma concepção crítica sobre a tecnologia, assim como as demais disciplinas. O letramento digital é essencial para saber onde buscar informações corretas e fazer a diferença no uso da tecnologia na escola”, explica.
Ela ressalta ainda a importância de orientar sobre tempo de tela. “A privacidade de dados é fundamental, assim como o controle do tempo de exposição. Já sabemos que crianças de 0 a 5 anos que usam telas muito cedo apresentam problemas de atenção sustentada. É uma informação essencial para pais e adolescentes que precisam entender o impacto desse uso excessivo”, complementa.
Em Florianópolis, a profissional de marketing Mônica Silvestre Camargo Cruz, 51 anos, mãe de uma adolescente de 15, relata o desafio de equilibrar o tempo de tela. “O que mais me preocupa são as referências que as crianças recebem. Elas são bombardeadas por conteúdos comerciais e padrões de beleza irreais, o que afeta diretamente a saúde mental. Minha filha passa horas cuidando da aparência, influenciada por esse universo onde tudo parece perfeito. Essas comparações geram insegurança e insatisfação, reflexo de como o digital molda o que nossos filhos pensam e sentem sobre si mesmos”, afirma.
O estudo reforça a importância de integrar o debate sobre ética digital e saúde mental às práticas educacionais e familiares. Para seus idealizadores, o caminho para uma convivência saudável com a tecnologia passa por diálogo, informação e responsabilidade compartilhada entre pais, escolas e sociedade.
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