Cultura e Entretenimento • 12:50h • 13 de outubro de 2024
Peça "Nasci para ser Dercy" em Assis proporciona audiodescrição e inclusão para deficientes visuais
Teatro Municipal de Assis recebeu Grace Gianoukas na noite de sábado (12); acessibilidade garantida para deficientes visuais
Da Redação | Foto: Arquivo/Direitos Reservados
A peça "Nasci para ser Dercy", estrelada pela renomada atriz Grace Gianoukas, emocionou o público no Teatro Municipal de Assis na noite de ontem. Além de homenagear a icônica Dercy Gonçalves, o espetáculo se destacou pela implementação de recursos de acessibilidade, oferecendo audiodescrição para deficientes visuais em ambas as sessões. Essa iniciativa, que proporciona uma experiência inclusiva e enriquecedora, reafirma o compromisso da cidade em promover a cultura de forma acessível.
A audiodescrição foi conduzida pela profissional Viviane Coutinho, que explicou como o recurso funciona: “O aparelho que utilizamos conecta-se ao que está acontecendo no palco. Através de um fone, o espectador recebe uma narrativa sonora que traduz a ação em tempo real, permitindo que aqueles que não conseguem ver compreendam a peça de forma mais completa”. Viviane destacou a importância desse serviço, não apenas para deficientes visuais, mas também para aqueles com baixa visão, que se beneficiam das informações adicionais sobre a encenação.
Marcos, deficiente visual que assistiu à peça, compartilhou sua experiência com a audiodescrição: “A atuação da Grace me fez recordar outros espetáculos, e a audiodescrição ajudou a conectar tudo isso. Sentir os movimentos da atriz enquanto ouvia a descrição fez toda a diferença”. Ele ressaltou que a acessibilidade é essencial para permitir que todos desfrutem da arte sem barreiras. Os aparelhos foram emprestados pela Associação de Amigos e Deficientes Visuais de Assis e Região (AADVAR).
Elisandra, outra espectadora que teve a oportunidade de experimentar a audiodescrição, enfatizou a importância dessa ferramenta: “A audiodescrição enriquece a experiência teatral. É uma forma de garantir que não perdemos nada da beleza da arte. Mesmo não sendo minha primeira vez com esse recurso, cada espetáculo é único e traz novas perspectivas.” Ela também comentou que a audiodescrição não atrapalhou sua apreciação da peça, demonstrando a eficácia do trabalho de Viviane.
Paulo Marcel, produtor do evento, também compartilhou suas reflexões sobre a acessibilidade em produções teatrais. “Muitas vezes enfrentamos desafios para implementar este recurso em todos os locais. Em Assis, tivemos um bom número de espectadores com deficiência visual, e isso me deixa muito feliz. É essencial que todos possam acessar a cultura de forma digna, e a audiodescrição é uma parte fundamental disso.”
Paulo destacou ainda a necessidade de superar a visão paternalista sobre a acessibilidade.
As pessoas com deficiência não querem ser tratadas como carentes. Elas são consumidoras de arte e cultura, e é nosso dever garantir que tenham acesso às produções. Temos 130 peças cadastradas em São Paulo, mas apenas 10% oferecem acessibilidade. Precisamos continuar a luta para mudar essa realidade, concluiu.
A experiência vivenciada no Teatro Municipal de Assis não apenas celebra a arte, mas também promove uma reflexão sobre a importância da inclusão e da acessibilidade. O trabalho de Viviane, a dedicação da equipe envolvida, e o apoio da Secretaria Municipal da Cultura de Assis demonstram que é possível oferecer experiências significativas para todos, tornando a cultura mais inclusiva e acessível.
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