Ciência e Tecnologia • 14:49h • 17 de agosto de 2025
Ovodoação já responde por 12% dos nascimentos por FIV no Brasil, aponta especialista
Crescimento da ovodoação expõe impacto do tempo na fertilidade e reforça importância do planejamento familiar antecipado
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Coworkcom | Foto: Arquivo/Âncora1

O desejo de ter filhos, seja um ou mais, exige o mesmo cuidado e planejamento de qualquer projeto de longo prazo. No entanto, quando o assunto é fertilidade, especialmente a feminina, o tempo ainda é um fator subestimado. Segundo o médico especialista em reprodução humana Dr. Eduardo Motta, muitas decisões urgentes poderiam ser evitadas com mais informação e acompanhamento prévio.
A fertilidade feminina começa a cair naturalmente após os 30 anos, com queda acelerada a partir dos 35. Aos 40, metade das mulheres já enfrenta dificuldade significativa para engravidar naturalmente. “O planejamento familiar não deve começar apenas quando surge o desejo de ter filhos, mas com a avaliação da saúde reprodutiva, mesmo que a maternidade ainda pareça distante”, explica Dr. Motta. Exames como o hormônio antimulleriano (AMH), para mulheres, e o espermograma, para homens, ajudam a estimar a reserva reprodutiva e orientar decisões.
Realidade brasileira e o crescimento da ovodoação
Dados da Red Latinoamericana de Reproducción Asistida (Redlara) mostram que, entre 2019 e 2023, cerca de 18,5 mil pessoas doaram óvulos no Brasil. Nesse período, mais de 5 mil crianças nasceram a partir desses óvulos doados, o que representa 12,5% dos cerca de 40 mil nascimentos por fertilização in vitro (FIV). Em média, a cada oito bebês concebidos por FIV no país, um nasceu por ovodoação.
Para Dr. Motta, esses números mostram que a fertilização assistida já é parte da realidade de muitas famílias, mas também evidenciam a urgência de discutir o impacto do tempo na fertilidade. “A ovodoação pode ser uma alternativa, mas não deve ser vista como solução garantida. O ideal é que a mulher tenha autonomia para decidir antes que essa se torne a única opção”, ressalta.
Planejamento como pauta de saúde
O especialista defende que o planejamento familiar seja incorporado às políticas de saúde da mulher, com atenção não apenas clínica, mas também emocional e financeira. Ele lembra o caso de uma paciente que congelou óvulos aos 37 anos, casou-se após os 40 e, aos 50, tornou-se mãe com seus próprios óvulos congelados. “Foi um caso de sucesso, mas nem todas terão o mesmo resultado. A tecnologia reprodutiva é uma aliada valiosa, mas não infalível”, observa.
Para quem está na faixa dos 30 anos e deseja ter mais de um filho, a recomendação é clara: começar a planejar agora. “A resposta não está só no coração, mas também nos exames, nas possibilidades da medicina e na escolha de se antecipar. A maternidade pode e deve ser tratada como um projeto”, conclui Dr. Motta.
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