Saúde • 09:13h • 06 de outubro de 2025
Oftalmologista detalha sintomas e riscos da contaminação por metanol
Substância usada industrialmente é altamente tóxica e pode causar danos irreversíveis ao nervo óptico após ingestão
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da SemFronteiras Assessoria | Foto: Divulgação
Casos recentes de intoxicação por metanol registrados em São Paulo e outros estados reacenderam o alerta sobre os perigos das bebidas adulteradas. Desde o início de setembro, autoridades de saúde investigam dezenas de notificações, incluindo uma morte confirmada e outras cinco sob apuração. Em ao menos um caso, a vítima perdeu completamente a visão após consumir bebida contaminada.
O metanol, também conhecido como álcool metílico, é uma substância utilizada na indústria química — presente em solventes, combustíveis, removedores de tinta e anticongelantes. Apesar de visualmente e olfativamente semelhantes ao etanol, o metanol é altamente tóxico ao organismo humano. Quando ingerido, o fígado tenta metabolizá-lo da mesma forma que o álcool comum, mas acaba transformando-o em formaldeído e ácido fórmico, compostos extremamente nocivos.
Segundo o oftalmologista Leiser Franco, vice-presidente da Sociedade Goiana de Oftalmologia (SGO), a intoxicação por metanol pode provocar danos neurológicos graves, cegueira permanente e até morte. “Existe um período de latência de 6 a 12 horas após a ingestão. Os primeiros sintomas podem parecer leves — dor de cabeça, tontura, náusea e dor abdominal —, mas em poucas horas o quadro pode evoluir rapidamente com confusão mental, dificuldade de equilíbrio e turvação da visão”, explica.

Bebidas adulteradas: intoxicação por metanol pode causar perda visual irreversível em poucas horas
O ácido fórmico, um dos produtos formados no metabolismo do metanol, é diretamente responsável pelos danos à visão. Ele interfere na produção de energia das mitocôndrias — estruturas celulares essenciais ao funcionamento das células nervosas —, principalmente no nervo óptico, que conecta o olho ao cérebro. “Sem energia suficiente, essas células entram em colapso, levando a inchaço do nervo e perda progressiva da visão. Em casos mais severos, o paciente pode evoluir para cegueira total e irreversível”, complementa o especialista.
Sintomas
Os sintomas oculares mais comuns são embaçamento visual, visão dupla, dificuldade de enxergar cores e sensação de névoa constante. Em muitos casos, a pupila apresenta resposta reduzida à luz, indicando sofrimento do nervo óptico. Já os sintomas sistêmicos incluem hiperventilação, taquicardia, confusão mental intensa, convulsões e coma.
O diagnóstico é feito por meio de exames clínicos e laboratoriais, que incluem a dosagem de metanol no sangue e avaliação neurológica e oftalmológica. “Os testes de acuidade visual, campo de visão e resposta pupilar ajudam a identificar o grau de comprometimento. Em qualquer suspeita, o atendimento deve ser imediato — quanto antes o tratamento for iniciado, maiores as chances de evitar sequelas”, ressalta Franco.
Tratamento
O tratamento da intoxicação envolve medidas emergenciais para bloquear a ação do metanol e seus metabólitos tóxicos. Entre as condutas médicas estão o uso de fomepizol ou etanol terapêutico, que competem pela enzima que metaboliza o metanol, e a hemodiálise, indicada para remover rapidamente as substâncias tóxicas do sangue. “Cada hora conta. O metanol é uma das intoxicações mais perigosas, pois a evolução é rápida e silenciosa”, alerta o oftalmologista.
A recomendação é que qualquer pessoa que apresente sintomas após consumir bebidas alcoólicas de procedência duvidosa procure atendimento de urgência e leve a embalagem do produto para análise. Somente exames laboratoriais podem confirmar a presença de metanol, já que a substância não tem odor ou sabor que a diferencie do álcool comum.
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