Ciência e Tecnologia • 17:08h • 15 de fevereiro de 2025
O mistério da luz na fertilização: a descoberta do brilho gerado pelo zinco na fecundação
Estudo de 2016, publicado na Scientific Reports, revela como o zinco, liberado durante a fecundação, emite uma luz visível, marcando o início do desenvolvimento embrionário
Da Redação | Com informações do Cientific Reports | Foto: Divulgação
Em 2016, um estudo publicado na Scientific Reports trouxe à tona uma descoberta revolucionária que, até hoje, continua a fascinar pesquisadores da biologia e da reprodução humana. Quando o óvulo é fertilizado, um fenômeno surpreendente ocorre: o gameta emite um brilho visível, conhecido como "centelha de zinco". Esse brilho não é apenas uma curiosidade científica, mas um marco no início da vida, sinalizando o momento em que o óvulo se transforma em embrião.
O fenômeno da centelha de zinco ocorre devido à liberação de zinco da célula do óvulo durante a fertilização, um processo que foi observado em humanos, ratos e outros mamíferos. O zinco é liberado nas primeiras horas após a fecundação, gerando um brilho que pode ser detectado por sensores específicos. Este evento está diretamente ligado ao ciclo de ativação do óvulo e marca a transição crucial entre a meiose e a mitose – os primeiros passos da divisão celular que resultarão no desenvolvimento do embrião.
A centelha de zinco: mais do que um brilho
O brilho gerado pela liberação de zinco é mais do que um simples fenômeno visual. Ele é considerado um indicador de boa saúde e qualidade do gameta e, segundo os estudos, está intimamente ligado ao potencial do embrião para se desenvolver adequadamente. A quantidade de zinco liberada e a intensidade da centelha podem fornecer informações preciosas sobre a qualidade do óvulo fertilizado, o que pode ser determinante para o sucesso da gestação.

A centelha de zinco ocorre em óvulos humanos maduros em conjunto com o aumento do cálcio intracelular em resposta a diversos métodos de ativação do óvulo
Durante o estudo, que foi realizado utilizando tecnologias avançadas de imagem, observou-se que a liberação de zinco ocorre em estreita relação com as transições de cálcio no óvulo, criando um cenário perfeito para o início da formação do embrião. Quando o óvulo é fertilizado, a liberação de zinco gera uma onda de atividade intracelular, e esse processo de excreção de zinco é seguido por uma onda de cálcio, ambos cruciais para o desenvolvimento inicial do embrião.
Impacto na medicina reprodutiva
Embora o fenômeno da centelha de zinco tenha sido identificado já em 2016, ele continua sendo relevante em 2025, especialmente para a área da reprodução assistida. A descoberta desse "brilho" tem implicações significativas para a medicina reprodutiva, pois oferece uma nova forma de monitorar a qualidade dos óvulos durante a fertilização in vitro (FIV). Essa observação pode ser usada para indicar o potencial de um óvulo fertilizado se desenvolver em um embrião saudável, trazendo novas possibilidades para os tratamentos de infertilidade.

A aquisição do potencial da centelha de zinco é dependente do estágio da meiose
A descoberta da centelha de zinco também sugere que, ao observar esse brilho, os especialistas poderiam, no futuro, ser capazes de prever o sucesso da fertilização com mais precisão, melhorando os métodos de seleção de embriões e aumentando as chances de sucesso em tratamentos de FIV.
A centelha de zinco como marcador biológico
Além de ser um fascinante fenômeno visual, a centelha de zinco se apresenta como um importante marcador biológico. A pesquisa realizada em 2016 demonstrou que a intensidade e a amplitude desse "brilho" poderiam ser usadas para avaliar a qualidade do óvulo, oferecendo aos médicos mais uma ferramenta para avaliar os gametas e os embriões no contexto de tratamentos de fertilização.
Este fenômeno pode abrir portas para o desenvolvimento de tecnologias que permitam medir, de maneira não invasiva, a saúde dos óvulos e a viabilidade de um embrião no início da gestação, sem a necessidade de procedimentos invasivos.

A centelha de zinco ocorre em óvulos humanos maduros em conjunto com o aumento do cálcio intracelular em resposta a diversos métodos de ativação do óvulo
A descoberta da centelha de zinco representa um grande avanço no entendimento do processo de fertilização e do início da vida humana. Com a capacidade de gerar um brilho tão único e visível, a liberação de zinco não só é fascinante do ponto de vista científico, mas pode também revolucionar as práticas de fertilização assistida, oferecendo novas maneiras de avaliar a qualidade do embrião e, possivelmente, melhorar os resultados dos tratamentos de infertilidade.
Embora o estudo tenha sido publicado na Scientific Reports em 2016, suas implicações continuam sendo de extrema importância para a biologia da reprodução e para a medicina reprodutiva, tornando esse fenômeno uma área promissora de pesquisa para o futuro da ciência.
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