Saúde • 14:43h • 19 de setembro de 2024
Novo plano de ação prevê reduzir impactos da dengue e outras arboviroses no Brasil
Documento está baseado nas evidências científicas mais atualizadas, novas tecnologias e representa um pacto nacional para o enfrentamento das doenças, com atenção às regiões de maior vulnerabilidade social
Da Redação/Ministério da Saúde | Foto: Ricardo Stuckert/PR
Para diminuir os números de casos e óbitos por dengue, chikungunya, Zika e oropouche no próximo período sazonal no Brasil, o Governo Federal lançou, na quarta-feira (18/09), o plano de ação para redução dos impactos das arboviroses. O documento foi construído com a participação de pesquisadores, gestores e técnicos dos estados e municípios, além de profissionais de saúde que atuam na ponta, em contato direto com as comunidades e que conhecem de perto os desafios em cada região do país, com atenção às regiões de maior vulnerabilidade social. O anúncio aconteceu no Palácio do Planalto com a participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e da ministra da Saúde, Nísia Trindade
O plano está baseado nas evidências científicas mais atualizadas, novas tecnologias e representa um pacto nacional para o enfrentamento a essas doenças. O objetivo é apresentar ações que serão coordenadas pelo Ministério da Saúde em estreita parceria com estados e municípios e colaboração de instituições públicas e privadas, bem como de organizações sociais.
Desde 2023, o Ministério da Saúde está em constante acompanhamento do cenário epidemiológico das arboviroses, preparando estados e municípios para atuar nos diferentes cenários que se apresentaram, emitindo alertas sobre a possibilidade de alta no número de casos e liberando recursos para ações de prevenção e controle. Para 2024, o investimento é de cerca de R$ 1,5 bilhão.
Nesse cenário, o programa de redução dos impactos das arboviroses trabalha em seis eixos de atuação com foco para implementação no segundo semestre do ano - quando todas as condições climáticas são favoráveis ao aumento de casos. São eles: prevenção; vigilância; controle vetorial; organização da rede assistencial e manejo clínico; preparação e resposta às emergências; comunicação e participação comunitária.
Durante o período intersazonal, ou seja, no intervalo entre os picos de casos, serão intensificadas as ações preventivas, com retirada de criadouros do ambiente e a implementação das novas tecnologias de controle vetorial. Também será feita uma força-tarefa de sensibilização da rede de vigilância para a investigação oportuna de casos, coleta de amostras para diagnóstico laboratorial e identificação de sorotipos circulantes.
Está prevista, ainda, a organização de fluxos da rede assistencial, revisão dos planos de contingência locais, capacitação dos profissionais de saúde para manejo clínico, gestão dos estoques de inseticidas, insumos para diagnóstico laboratorial e assistência ao doente.
Para o período sazonal, caso ocorra nova alta sensível de casos, estão previstas medidas estabelecidas no plano de contingência, focadas sobretudo no fortalecimento da rede assistencial para redução das hospitalizações e óbitos evitáveis. São prioritárias as ações relacionadas ao manejo clínico adequado, seguro e executado em tempo oportuno, além da organização dos serviços. Nesse período, as ações de vigilância devem priorizar a coletiva de amostras para exames específicos com foco em casos graves e investigação oportuna de óbitos.
Foto: Matheus Damascena/MS
No evento de anúncio, no Planalto, o presidente Lula conclamou a população a fazer sua parte no enfrentamento às arboviroses. “Cuidar dos focos de mosquito é um compromisso assumido por toda a sociedade brasileira. Se cada um cumprir com a sua função e eliminar qualquer possibilidade de criar larvas do mosquito, a gente vai ter muito mais condições de combater as arboviroses”, ressaltou. “Com essa antecipação, queremos ter o verão com o menor casos de dengue na história desse país”, disse o presidente.
Nísia Trindade, por sua vez, reforçou a importância de um trabalho conjunto com os entes federativos e a preparação das unidades de saúde para enfrentar a dengue e as demais arboviroses. “Tudo que temos feito no Ministério da Saúde é um trabalho conjunto com estados e municípios. Nosso objetivo específico é preparar a população para esse enfrentamento e preparar as redes de atenção à saúde. Não evitaremos a existência da doença, mas está no nosso plano de eliminação”, afirmou.
“Vale lembrar que a dengue também está relacionada com as condições de saneamento, envolvendo limpeza urbana, condições de moradia, por isso não é apenas uma ação de saúde”, acrescentou a ministra.
Atuação nas periferias e regiões de maior vulnerabilidade social
O Ministério da Saúde vai expandir o uso de Estações Disseminadoras de Larvicida para controle do Aedes aegypti, transmissor da dengue, nas periferias brasileiras. A estratégia, desenvolvida e coordenada por pesquisadores da Fiocruz Amazônia, foi testada e aprovada com resultados comprovados em 14 cidades brasileiras, de diferentes regiões, nas quais foi aplicada entre 2017 e 2020.
A armadilha atrai as fêmeas do mosquito que, ao pousarem no recipiente para colocar seus ovos, são impregnadas com o larvicida. Quando visitam os criadouros, os contaminam com o inseticida. O resultado final é a redução no desenvolvimento de larvas. A lista preliminar tem 17 municípios de todas as regiões do país.
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