Saúde • 10:12h • 20 de novembro de 2025
Novembro Azul: pesquisa em SP avança na busca por tratamentos ao câncer à base de anticorpos
Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata foi celebrado na segunda-feira, 17; método que utiliza o próprio sistema imune no combate de doenças é novo marco para a ciência
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações da Alesp | Foto: Rafael Cerioni
Novas técnicas baseadas em anticorpos apresentadas este ano em congressos científicos ao redor do mundo indicam caminhos cada vez mais seguros para o diagnóstico e o tratamento de diferentes tipos de doenças. Em São Paulo, pesquisa realizada pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) busca novas abordagens para o tratamento do câncer de próstata.
Segundo tipo mais comum de câncer entre os homens no Brasil, a doença expõe a necessidade de uma abordagem técnica e de acompanhamento periódico para seu tratamento. A formação de tumores na próstata ocorre principalmente em indivíduos da terceira idade, com 75% dos casos registrados em homens com mais de 65 anos, de acordo com o Ministério da Saúde.
Por ser uma doença silenciosa, que pode demorar anos para apresentar os primeiros sintomas, seu diagnóstico exige estratégias para o acompanhamento. Diferente do que muitos acreditam, hoje o principal marcador para detecção do câncer de próstata é o exame de PSA (antígeno prostático específico), medido no sangue. O exame de toque retal, antes visto como obrigatório, é feito em casos específicos.
Avanços científicos permitem abordagens cada vez menos invasivas e mais eficazes. "Existem vários tipos de câncer de próstata. No câncer de pele, por exemplo, todo mundo pensa no melanoma, mas ele é apenas um dos tipos de câncer. E é o mesmo com a próstata. São diferentes tipos de câncer que vão exigir diferentes tipos de tratamentos", explica o pesquisador Rafael Cerioni, mestre em Ciência e doutorando em Biologia Molecular pela Unifesp.
Em seu doutorado, Cerioni estuda uma alternativa microbiológica para o tratamento do tipo mais agressivo do câncer de próstata, o resistente à castração. "A próstata é uma glândula responsiva ao nível de testosterona do corpo e o tumor utiliza isso para crescer. Um dos tratamentos para o câncer é inibir a produção de testosterona, chamada de castração", explica.
O câncer, no geral, por se tratar de uma doença com diferentes estágios, possui diferentes tipos de tratamento a depender de seu avanço. No caso da próstata, há estágios em que o tumor se torna resistente ao tratamento hormonal e altamente metastático, se espalhando para outras partes do corpo.
"É clinicamente um desafio conseguir tratar esse tipo de câncer e ter um bom prognóstico para um paciente nessa situação", ressalta Cerioni. O estudo realizado pelo pesquisador na Unifesp propõe uma abordagem para o tratamento desse tipo de tumor utilizando bactérias criadas em laboratório. "É uma bactéria probiótica, ou seja, que não faz mal para o organismo, identifica uma célula de câncer de próstata e mata especificamente essa célula."
Avanços
A pesquisa com bactérias realizada por Rafael Cerioni ganhou destaque internacional em 2025, quando figurou no Simpósio Keystone sobre Biologia Molecular e Celular, realizado no Colorado, nos Estados Unidos. "Anticorpos como Medicamentos" foi o tema do congresso, que reuniu cientistas de todo o mundo para discutir novas abordagens biológicas no combate de doenças e seus resultados clínicos e pré-clínicos.
O pesquisador apresentou os resultados iniciais da pesquisa, que utiliza bactérias para identificar a patologia a partir do biomarcador do câncer de próstata, o PSA. "A longo prazo, a gente pensa em fazer ensaios em animais, ensaios pré-clínicos e tudo mais, mas como é algo relativamente muito novo, a gente tem que fazer tudo in vitro antes, com célula isolada", conta Cerioni. "O que importa é que estamos criando um modelo universal que, em teoria, se funcionar in vitro, pode ser utilizado em outros tipos de câncer."
No contexto do Novembro Azul, especialistas ressaltam que a inovação científica precisa caminhar junto com a conscientização. Diagnóstico precoce continua sendo a principal forma de garantir maiores taxas de cura.
Enquanto os tratamentos experimentais avançam, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) reforça que hábitos saudáveis, acompanhamento regular e informação de qualidade permanecem como as melhores armas disponíveis hoje.
Pesquisa pública
Na Unifesp, as pesquisas são mantidas com recursos públicos de agências de fomento como o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Em São Paulo, a pesquisa científica é mantida pela Fapesp, uma das agências de fomento mais importantes do país. Com autonomia garantida por lei (Lei Estadual 5.918/1960), apoia o desenvolvimento de projetos de pesquisa, o intercâmbio e a divulgação da ciência e da tecnologia produzida no estado.
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