Variedades • 14:40h • 22 de novembro de 2025
Nomes mais comuns do Brasil revelam influência religiosa e marcas da colonização
Levantamento reforça vínculos históricos, culturais e religiosos presentes na formação da identidade nominal brasileira
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Weber | Foto: Arquivo/Âncora1
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, neste mês, o novo levantamento dos nomes e sobrenomes mais populares do país, reforçando tendências históricas e culturais que atravessam gerações. Entre as mulheres, Maria, Ana e Francisca lideram as ocorrências. Entre os homens, José, João e Antônio seguem na dianteira. Nos sobrenomes, Silva permanece como o mais frequente, identificado em mais de 34 milhões de brasileiros.
Os dados aparecem em um momento de forte interesse público por questões demográficas e identitárias, sobretudo em pesquisas que investigam padrões culturais na formação social brasileira. O levantamento do IBGE inclui ainda o predomínio de Santos, Oliveira e Souza entre os sobrenomes mais utilizados no país, reforçando a presença de influências religiosas, coloniais e linguísticas.
Sobrenomes carregam marcas da história e da colonização
De acordo com Eduardo Batista, coordenador de Sociologia da EAD UniCesumar, a origem dos sobrenomes mais populares revela camadas profundas da história e da cultura nacional. Ele explica que Silva, por exemplo, é um sobrenome de raiz latina, amplamente disseminado em Portugal e trazido ao Brasil durante o processo de colonização. Já Santos e Oliveira apresentam vínculos religiosos, associados à tradição cristã e a referências simbólicas do catolicismo.
Batista destaca que a ampla adoção desses sobrenomes ao longo dos séculos ajudou a formar um padrão nominal reconhecido em todas as regiões brasileiras, reforçando a continuidade de práticas herdadas da presença portuguesa.
Período da escravatura explica preposições como “da”, “de” e “dos”
O sociólogo também aponta a forte relação entre os sobrenomes brasileiros e o período da escravatura. Ele observa que a utilização de preposições como “da”, “de” ou “dos” foi incorporada com frequência por pessoas escravizadas libertas nos séculos XVIII e XIX, que recebiam ou adotavam combinações como “da Silva” ou “dos Santos”.
Essa estrutura, segundo Batista, funcionava como um marcador de pertença ou origem, muitas vezes associado a referências territoriais ou religiosas. Com o tempo, esses sobrenomes se tornaram amplamente usados na sociedade brasileira, perdendo o caráter estigmatizado e integrando-se ao repertório identitário nacional.
Catolicismo influenciou nomes e sobrenomes mais recorrentes
A influência da fé católica, predominante na formação cultural do Brasil, aparece de forma evidente no levantamento. Nomes como Maria, José, João, Antônio e Francisco seguem entre os mais comuns há décadas, enquanto sobrenomes como Santos, Anjos, Souza e Nascimento refletem tradições religiosas e práticas de registro civil associadas a datas comemorativas e santos de devoção popular.
Batista ressalta que essa dinâmica moldou significativamente o padrão nominal brasileiro, reforçando conexões entre religiosidade e identidade.
Pesquisa funciona como retrato social do país
Ao analisar o levantamento do IBGE, o especialista observa que a lista vai além da simples contagem estatística. Ele avalia que a relação de nomes e sobrenomes funciona como uma radiografia da história do Brasil, permitindo compreender processos de colonização, escravidão, migrações e permanências culturais.
A análise reforça que conhecer os nomes mais comuns do país significa também revisitar padrões de resistência, diversidade e memória que atravessam o tempo e ajudam a explicar a formação da sociedade brasileira.
Aviso legal
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, integral ou parcial, do conteúdo textual e das imagens deste site. Para mais informações sobre licenciamento de conteúdo, entre em contato conosco.
Últimas Notícias
As mais lidas
Mundo
Todos os paulistanos são paulistas, mas nem todos os paulistas são paulistanos; entenda
Termos que definem identidade e pertencimento no Estado de São Paulo