Responsabilidade Social • 11:04h • 01 de dezembro de 2025
Mulher fora do trabalho tem 3 vezes mais risco de sofrer violência
69% das vítimas tiveram que mudar rotina após as agressões
Agência Brasil | Foto: Arquivo Âncora1
A 11ª edição da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, divulgada na quinta-feira (27), mostra que sete em cada dez mulheres que sofreram violência doméstica no Brasil tiveram a rotina alterada após as agressões e mais de 40% foram impactadas em seu trabalho ou estudo.
O levantamento ouviu mais de 21 mil mulheres em todo o país e foi realizado pelo DataSenado e pela Nexus, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV), do Senado Federal.
Segundo a pesquisa, 69% das mulheres que já sofreram violência doméstica tiveram o dia a dia alterado após as agressões - uma estimativa de 24 milhões de brasileiras; 68% relataram impactos nas relações sociais; 46% afirmaram que o trabalho remunerado foi afetado; e 42% tiveram os estudos impactados.
“Os dados revelam que a violência doméstica limita a autonomia das mulheres e pode impedir o acesso a direitos básicos, como estudo e trabalho, comprometendo o futuro das famílias e do país”, destacou a coordenadora do Observatório da Mulher contra a Violência no Senado, Maria Teresa Prado.
Autonomia econômica
A pesquisa mostra ser três vezes mais comum mulheres fora da força de trabalho sofrerem violência doméstica (12%) do que as brasileiras empregadas (4%). O estudo traz ainda que 66% das mulheres que já sofreram agressões recebem até 2 salários mínimos.
“Quando cruzamos esses dados socioeconômicos com os indicadores de violência, vemos com mais nitidez como a desigualdade molda o risco e a permanência das mulheres em ciclos de agressão. Isso mostra que a autonomia econômica não é apenas uma condição desejável, mas uma política estratégica de enfrentamento”, ressalta a diretora executiva da Associação Gênero e Número, Vitória Régia da Silva.
Segundo a líder de Políticas Públicas pelo Fim da Violência Contra Mulheres e Meninas no Instituto Natura, a pesquisa deixa claro a necessidade de implementação de políticas públicas que promovam a independência financeira e qualificação profissional das mulheres.
“O que precisamos é de políticas integrais, que articulem segurança pública, saúde, assistência, educação e renda, e que ofereçam respostas reais que dialoguem com demandas e vulnerabilidades diversas. Não podemos continuar transferindo para as mulheres a tarefa de superar, sozinhas, estruturas que são coletivas”, disse.
Criada em 2005 para subsidiar a elaboração da Lei Maria da Penha, a pesquisa é realizada a cada dois anos e ouviu, nesta edição, 21.641 mulheres com 16 anos ou mais em todo o país.
Aviso legal
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, integral ou parcial, do conteúdo textual e das imagens deste site. Para mais informações sobre licenciamento de conteúdo, entre em contato conosco.
Últimas Notícias
As mais lidas
Mundo
Todos os paulistanos são paulistas, mas nem todos os paulistas são paulistanos; entenda
Termos que definem identidade e pertencimento no Estado de São Paulo