Saúde • 10:10h • 23 de setembro de 2024
Mudanças climáticas: como eventos extremos afetam a vacinação no Brasil
Os desafios da vacinação em situações de emergência com relatos de profissionais de saúde
Da Redação | Com informações da Agência Brasil | Foto: Prefeitura Recife
As mudanças climáticas têm provocado eventos extremos que afetam diretamente a vacinação no Brasil, revelando um panorama alarmante de desafios para os profissionais de saúde. Karen Carvalho, enfermeira com especialização em saúde coletiva, atuou nas enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em maio de 2023. Sua missão, em meio ao caos, era vacinar pessoas que, além de terem perdido suas casas, estavam expostas a doenças como hepatite A e influenza.
“Enfrentamos a dificuldade de vacinar pessoas que estavam em abrigos, muitas sem qualquer documento. Elas saíram de casa sem cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) ou carteira de vacinação”, relatou Karen. A situação se complicou ainda mais com a hesitação vacinal, já que a população fragilizada pela catástrofe demonstrava pouca disposição para se vacinar. “Convencê-las sobre a importância da vacinação foi um desafio imenso”, lembrou.
Além disso, a locomoção dos profissionais de saúde se tornou um obstáculo. “Usamos o serviço do Exército para levar e buscar vacinas em locais de difícil acesso, pois muitos estavam isolados pela água”, contou. Karen também aplicou doses antirrábicas em voluntários envolvidos no resgate de animais, evidenciando a abrangência dos riscos enfrentados.
Plano de contingência e adaptação
Micheline Silveira, que atua na área de imunização, estava em Porto Alegre quando as águas começaram a subir. Graças a um plano de contingência bem estruturado, sua equipe conseguiu utilizar câmaras frias de emergência e unidades móveis para manter as vacinas refrigeradas. “Nunca imaginamos que enfrentaríamos uma situação tão surreal. A situação foi extrema, mas conseguimos contornar os desafios”, disse.
A capacidade de adaptação e a rapidez no microplanejamento foram fundamentais. Cleia Soares Martins, responsável pela Central de Distribuição de Imunobiológicos do Amazonas, enfrentou a pior seca das últimas décadas. “Nosso planejamento começou em dezembro, com foco em antecipar ações de vacinação para áreas de difícil acesso, como comunidades quilombolas e ribeirinhas”, explicou Cleia. Em agosto, a seca afetou nove municípios, número que subiu para treze em uma semana.
A necessidade de inovação
A profissional ressaltou que, apesar dos esforços, os desafios continuam a aumentar. “Precisamos investir em tecnologia e inovação para garantir que a vacinação chegue a todos os cidadãos, independentemente das condições climáticas. É essencial superarmos esses desafios juntos”, afirmou Cleia.
A realidade enfrentada por esses profissionais de saúde evidencia a vulnerabilidade das comunidades brasileiras diante das mudanças climáticas. A resiliência e a dedicação de enfermeiros e outros trabalhadores da saúde são fundamentais para assegurar que as pessoas não fiquem sem acesso às vacinas, mesmo em meio a desastres naturais.
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