Ciência e Tecnologia • 20:21h • 11 de julho de 2025
Miniaturas de tumores ajudam ciência a desenvolver tratamentos mais seguros para câncer infantil
Pesquisa australiana usa miniaturas de tumores para testar tratamentos com mais segurança, oferecendo esperança para terapias mais eficazes e menos agressivas
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Universidade de Monash | Foto: Divulgação

Dentro de um laboratório na Universidade de Monash, na Austrália, cientistas desenvolvem modelos em miniatura do cérebro humano que podem transformar o tratamento do câncer cerebral infantil. Chamados de organoides, esses “cérebros em miniatura” são do tamanho de uma ervilha, mas representam um salto significativo no combate ao meduloblastoma — o tumor cerebral maligno mais comum em crianças.
A iniciativa recebeu um aporte de 455.500 dólares do programa Children’s Cancer CoLab, reconhecendo seu potencial de melhorar as taxas de sobrevivência e reduzir os efeitos colaterais devastadores dos tratamentos atuais.
Hoje, o tratamento padrão para o meduloblastoma inclui cirurgia, radiação e quimioterapia. Embora combata o câncer, ele também deixa sequelas físicas e cognitivas graves que acompanham os sobreviventes por toda a vida. Para os casos mais agressivos, as taxas de sobrevida em cinco anos ainda são inferiores a 50%.
O pesquisador Dr. Iman Azimi, responsável pelo Laboratório de Descoberta de Drogas contra o Câncer e Envelhecimento Celular da Universidade de Monash, ressalta a urgência em desenvolver terapias mais específicas. “Precisamos de tratamentos que atinjam as células cancerígenas sem danificar o tecido cerebral saudável. As crianças merecem sobreviver e ter qualidade de vida”, explica.
A abordagem do grupo liderado por Azimi é inovadora: criar modelos de tumores no laboratório que reproduzam com fidelidade a biologia real do meduloblastoma, especialmente o chamado Grupo 3 — o mais agressivo e resistente aos tratamentos. Usando células-tronco pluripotentes induzidas, os pesquisadores conseguem testar rapidamente uma grande variedade de medicamentos, muitos deles já aprovados para uso e capazes de atravessar a barreira hematoencefálica.
“É como construir uma réplica do tumor de uma criança no laboratório. Isso permite observar como ele cresce e reage aos tratamentos sem expor a criança a terapias experimentais antes de termos alguma segurança de que podem funcionar”, detalha Azimi.
Para a Children’s Cancer CoLab, o trabalho oferece esperança real. “Imaginamos um futuro em que nenhuma criança morra de meduloblastoma e os sobreviventes vivam plenamente, sem as sequelas dos tratamentos”, afirma o CEO da entidade, Dr. Udani Reets.
O investimento também fomenta o desenvolvimento de novas gerações de pesquisadores. O Dr. Kaveh Baghaei, integrante da equipe, receberá uma Bolsa de Líderes Futuros para continuar contribuindo com o avanço da ciência em câncer infantil.
Este projeto foi rigorosamente avaliado por comitês científicos e conta com o apoio financeiro do governo do estado de Victoria e da Children’s Cancer Foundation, que pretende arrecadar mais 10 milhões de dólares nos próximos anos para financiar pesquisas similares.
A pesquisa com organoides demonstra como a ciência pode oferecer caminhos mais seguros, personalizados e menos invasivos no tratamento do câncer infantil, reforçando a importância do investimento em inovação para transformar o futuro da saúde.
Aviso legal
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, integral ou parcial, do conteúdo textual e das imagens deste site. Para mais informações sobre licenciamento de conteúdo, entre em contato conosco.
Últimas Notícias
As mais lidas
Ciência e Tecnologia
Como se preparar para o primeiro apagão cibernético de 2025
Especialistas alertam para a necessidade de estratégias robustas para mitigar os impactos de um possível colapso digital