Mundo • 14:49h • 12 de janeiro de 2025
Meta é acusada de enfraquecer a luta contra desinformação e discursos de ódio nas redes sociais
Decisão de eliminar checagem de fatos e moderação de conteúdo gera reações de entidades, governo e comunidade LGBTQIA+
Da Redação | Com informações da Agência Brasil | Foto: Marcello Casal Jr.
A recente decisão da Meta, controladora das plataformas Facebook e Instagram, de descontinuar o programa de checagem de fatos e reduzir a moderação de conteúdos sensíveis, gerou um grande rebuliço em diferentes setores da sociedade brasileira e internacional. A medida foi anunciada pelo presidente-executivo da Meta, Mark Zuckerberg, e tem sido amplamente criticada por entidades de defesa dos direitos humanos, organizações da sociedade civil e governos, que veem essa mudança como um retrocesso na luta contra a desinformação e discursos de ódio.
A decisão de eliminar a checagem de fatos e reduzir os filtros de moderação de conteúdo, sob o pretexto de promover uma "liberdade de expressão irrestrita", é vista por muitos como um incentivo à proliferação de fake news e um fortalecimento de grupos extremistas, que já se aproveitam da desinformação para difundir ideologias prejudiciais. O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) foi uma das primeiras entidades a se manifestar contra as mudanças, classificando as ações da Meta como um ataque direto à proteção dos direitos individuais e coletivos no ambiente digital. Para o FNDC, a medida representa um enfraquecimento da democracia e uma ameaça ao tecido social.
Um dos pontos mais críticos da nova política da Meta é a implementação de um modelo de "notas da comunidade", no qual os próprios usuários podem contestar a veracidade de conteúdos postados nas redes sociais. A checagem de fatos, que tem sido um mecanismo eficaz para identificar e corrigir informações imprecisas ou prejudiciais, será substituída por um modelo que depende da boa vontade e do julgamento dos próprios usuários, sem o respaldo de uma instituição imparcial.
Além disso, a decisão de permitir que discursos de ódio, homofóbicos e xenófobos, que antes eram moderados, sejam agora mais facilmente disseminados nas plataformas, tem gerado preocupação entre entidades LGBTI+. Organizações como a Aliança Nacional LGBTI+ e a Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (ABRAFH) se manifestaram contra a “patologização das identidades LGBTI+”, argumentando que o novo modelo pode impulsionar ainda mais o estigma contra essas comunidades e colocar em risco suas vidas e segurança.
O governo federal também reagiu de forma contundente. O Ministério Público Federal (MPF) solicitou à Meta um esclarecimento sobre as mudanças e o impacto delas sobre os direitos dos usuários brasileiros. O governo brasileiro, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), notificou a empresa, exigindo respostas dentro de um prazo de 72 horas. A decisão também gerou manifestações em outras partes do mundo, com representantes da Comissão Europeia e da ONU chamando a Meta à responsabilidade, afirmando que permitir a proliferação de discurso de ódio tem consequências no mundo real e que a regulação de conteúdo digital não é censura, mas uma ferramenta essencial para garantir a segurança e o respeito aos direitos humanos.
A postura da Meta, ao se alinhar a movimentos de extrema-direita e ao fazer acenos ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ter repercussões políticas e sociais significativas. A decisão reflete uma crescente polarização e a resistência das big techs a medidas regulatórias que buscam proteger os usuários de conteúdos prejudiciais, manipulativos ou extremistas.
Este movimento reforça a necessidade de um marco regulatório claro e eficaz para as plataformas digitais, uma vez que empresas como a Meta têm se mostrado cada vez mais influentes nas decisões políticas, sociais e econômicas globais. Para especialistas, a regulação das grandes plataformas é vital para assegurar que o ambiente digital seja seguro, inclusivo e livre de abusos, respeitando os direitos de todos os cidadãos, sem permitir que grandes corporações se aproveitem de seu poder para impor suas próprias agendas ideológicas.
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