Responsabilidade Social • 10:08h • 19 de maio de 2025
Mais da metade dos adolescentes brasileiros já sofreu violência sexual on-line, revela pesquisa
Estudo do ChildFund Brasil reforça a urgência de educação digital e políticas públicas mais efetivas; pesquisa revela que adolescentes bloqueiam agressores, mas não denunciam
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações do ChildFund Brasil | Foto: Divulgação

O ambiente digital, muitas vezes visto como espaço de entretenimento e socialização, tem se revelado também um cenário de vulnerabilidade para milhões de jovens no Brasil. De acordo com nova etapa do Mapeamento dos Fatores de Vulnerabilidade de Adolescentes Brasileiros na Internet, lançado pelo ChildFund Brasil, 54% dos adolescentes entre 13 e 18 anos já sofreram algum tipo de violência sexual on-line — o equivalente a 9,2 milhões de jovens em todo o país.
A pesquisa foi divulgada em 15 de maio, durante evento na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), dentro das ações do Maio Laranja, mês de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes. Neste ano, o tema central da campanha é “Criança segura, futuro garantido”.
Segundo Mauricio Cunha, diretor de país do ChildFund Brasil, os dados escancaram um problema urgente:
“Os adolescentes não se sentem seguros na internet e não sabem como denunciar casos de violência. Falta educação digital estruturada e canais acessíveis de apoio.”
Insegurança, silêncio e falta de preparo
O levantamento entrevistou 8.500 adolescentes em todas as regiões do Brasil, com foco especial no Nordeste e Sudeste. Os dados apontam que, conforme a idade aumenta, cresce também a exposição a riscos. Adolescentes de 17 e 18 anos têm 1,3 vezes mais chances de sofrer violência digital do que aqueles de 15 anos.
Mesmo com 94% afirmando já ter recebido alguma orientação sobre o uso da internet, a maior parte dos adolescentes não sabe como reagir em situações de risco. O bloqueio de perfis suspeitos é a principal reação — poucas denúncias são formalizadas, o que contribui para a subnotificação dos casos.
Apenas 35% afirmam que os pais monitoram suas atividades on-line, e 45% defendem o direito à privacidade nas redes. A insegurança é percebida de maneira desigual entre os gêneros: 21% das meninas disseram sentir medo no ambiente digital, contra 10% dos meninos.
Instagram lidera lista de plataformas mais inseguras
O Instagram aparece como a plataforma mais mencionada por adolescentes como ambiente de risco, com 68% das respostas, seguido por Roblox (12%), Free Fire e TikTok. As 14 formas de violência identificadas foram agrupadas em quatro categorias principais: privacidade e segurança, ameaças e assédio, conteúdo sensível e discussões online. Entre os abusos mais frequentes estão:
• Invasão de contas
• Pedido de fotos íntimas
• Bullying e comentários ofensivos
• Exposição em grupos e redes
Caminhos para enfrentamento
O estudo propõe ações integradas, como a criação de canais acessíveis de denúncia, campanhas educativas contínuas, apoio emocional nas escolas e formação de educadores e responsáveis. Para o ChildFund, não basta orientar genericamente: é preciso oferecer educação digital concreta e construir protocolos intersetoriais eficientes.
No campo legislativo, a entidade defende medidas como:
• Criminalização específica de práticas como grooming e sextorsão
• Uso obrigatório de tecnologias de detecção de conteúdo abusivo (como o PhotoDNA)
• Acompanhamento das vítimas após denúncias, nos moldes adotados por países como Canadá e Austrália
• Criação da Lei Unificada da Doação Incentivada (LUDI), para fortalecer OSCs que atuam na proteção infantil
O ChildFund também reforça que o fortalecimento das atividades offline, como esportes, arte e convivência comunitária, é essencial para equilibrar o tempo de tela e reduzir a exposição aos riscos digitais. A pesquisa completa está disponível no site.
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