Ciência e Tecnologia • 14:09h • 31 de outubro de 2024
Maior biofábrica do mundo de mosquitos Wolbitos de combate à dengue será em Curitiba
Unidade na Cidade Industrial de Curitiba está 35% concluída e deve entrar em operação em 2025. A Wolbachia é uma bactéria presente em aproximadamente 60% dos insetos
Da Redação com informações da Agência estadual de notícias do Paraná | Foto: Foto: Gabriel Rosa/AEN
Mais uma fábrica de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia (Wolbitos) para controle de arboviroses, em especial a dengue, chikungunya e Zika está sendo implantada no Paraná. Considerada a maior de todas as unidades já construídas, a nova biofábrica, instalada em Curitiba está com 35% das obras concluídas, e deve entrar em operação em 2025.
As atualizações do projeto foram anunciadas na quarta-feira (30), no auditório do Tecpar, na Cidade Industrial de Curitiba, em um evento comemorativo dos dez anos da implementação do Método Wolbachia no Brasil. A celebração teve a participação do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e representantes dos municípios beneficiados pelo projeto.
A nova unidade é a maior do mundo e está localizada na área do Parque Tecnológico da Saúde, sob a responsabilidade do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), vinculado à Fiocruz, e World Mosquito Program (WMP). Ela atenderá à demanda vinda do Ministério da Saúde e da Fiocruz, com uma expectativa de produção de cerca de 100 milhões de ovos de mosquitos por semana, priorizando municípios com alto risco de dengue.
A previsão é de que ao longo de 10 anos de atividade, aproximadamente 140 milhões de brasileiros possam ser beneficiados com a implementação do método em diversos municípios do país, só com esta fábrica.
“No Paraná, temos dois municípios, nas regiões Oeste e Norte que estão sendo beneficiadas por essa tecnologia. As fábricas foram inauguradas há pouco tempo e é uma das estratégias de enfrentamento à dengue. O Estado apoia a iniciativa, já que essa produção ajuda todos os locais a enfrentar um problema antigo”, disse a coordenadora da Vigilância Ambiental da Sesa, Ivana Lucia Belmonte.
Os mosquitos com Wolbachia são soltos em diversos locais no Brasil e no mundo. No Paraná, desde que as biofábricas para soltura inauguraram, em julho, já foram soltos cerca de 13 milhões de Wolbitos em Londrina e 7 milhões em Foz do Iguaçu. Atualmente, Joinville (SC), Presidente Prudente (SP), Uberlândia (MG) e Natal (RN), são os outros municípios selecionados pelo Ministério da Saúde onde o método é aplicado.
“A estratégia é uma das alternativas que encontramos para o enfrentamento a dengue. Em Niterói, onde iniciou o projeto, os resultados foram muito positivos. Esperamos abranger outros municípios do país com essa tecnologia, que é sustentável e efetiva”, ressaltou Livia Vinhal, coordenadora-geral de Vigilância de Arboviroses do Ministério da Saúde.
Método
Desenvolvido na Austrália, o método é usado no Brasil porque, desde 2014, o país é um dos 14 que compõem o Programa Mundial de Mosquitos - WMP (World Mosquito Program). A iniciativa internacional é conduzida pela Fiocruz, com financiamento do Ministério da Saúde, em parceria com os governos locais.
Para Luciano Moreira, líder do Método Wolbachia no Brasil, esses dez anos desenvolvendo o projeto trouxeram resultados significativos de redução do mosquito transmissor. “ Quando iniciamos , respaldados na ciência, tivemos resultados de quase 60% na redução de casos. O método não faz mal à população e o envolvimento de todos é essencial para o sucesso do projeto”.
A Wolbachia é uma bactéria presente em aproximadamente 60% dos insetos no mundo. Em laboratório, os pesquisadores do WMP conseguiram introduzir esta bactéria dentro dos ovos de Aedes. aegypti. Foi comprovado que, quando a bactéria está presente no mosquito, estes vírus não se desenvolvem bem, reduzindo a sua transmissão.
“Já solicitamos que a estratégia seja aplicada a outros municípios, além dos já selecionados no Estado. Não existe uma definição ainda, dependemos do Ministério da Saúde para essa escolha”, complementou a coordenadora da Sesa.
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