Ciência e Tecnologia • 17:03h • 29 de novembro de 2024
Jovens de Franca desenvolvem protótipo de teste rápido contra "boa noite, Cinderela"
Alunos da Escola Estadual Mario D’Elia criam solução inovadora para combater casos de abuso envolvendo bebidas adulteradas, com apoio de professores
Da Redação | Com informações do Governo de SP | Foto: Arquivo/Âncora1
Um grupo de cinco estudantes da Escola Estadual Mario D'Elia, em Franca, trouxe uma proposta inovadora para combater um dos problemas mais alarmantes de segurança e saúde pública: o “boa noite, Cinderela”. A técnica desenvolvida por esses jovens, chamada de "Acorda, Cinderela", é um protótipo de teste rápido para detectar a presença de substâncias como alcaloides em bebidas, prevenindo abusos relacionados à adulteração.
A ideia surgiu da estudante Kemily Patrícia Lira, que se sensibilizou com os frequentes casos de abuso envolvendo bebidas adulteradas após escutar relatos de vítimas da prática. Kemily, que convive com hipoglicemia, teve a ideia ao perceber a semelhança entre a medição de glicose, que ela realiza com frequência, e a possibilidade de detectar a presença de substâncias nocivas em bebidas. "Pensei: ‘e se eu pudesse descobrir se a minha bebida está adulterada tal como quando eu meço a minha glicemia?’", explica a jovem.
Com o apoio dos colegas Matheus Carboni, Natália Ferreira, Ana Livia Barbosa, e Daniel de Andrade, Kemily iniciou o projeto de desenvolvimento do teste. Com a orientação dos professores Milena Aímola Falqueto e Irineu Zulato, especialistas em ciências biológicas e neurociência, o grupo deu vida à ideia, criando um kit de reação colorimétrica, que utiliza fitas de absorção e reagentes químicos para detectar a presença de alcaloides em bebidas, com o objetivo de evitar os casos de intoxicação e abuso.
De ideia simples a projeto científico: Estudantes de Franca criam ferramenta contra o 'boa noite, Cinderela
A proposta de "Acorda, Cinderela" visa detectar substâncias como cetamina e GHB, usadas no “boa noite, Cinderela”. O kit já é capaz de identificar a presença de alcaloides em bebidas e a intenção do grupo é expandir a tecnologia para identificar também outros produtos como benzodiazepínicos e ISRS (inibidores seletivos da recaptação de serotonina).
Rigor científico e trabalho em equipe
De junho a agosto, os estudantes realizaram 30 testes aplicando 2ml de alcaloides em 200ml de seis tipos diferentes de bebidas, sem importar se eram alcoólicas ou não. "Para um projeto como esse, é necessário o máximo de rigor laboratorial e o máximo de atenção", comenta a professora Milena Aímola Falqueto.
O diferencial do protótipo desenvolvido pelos alunos é o fato de ser um teste rápido que não exige o contato direto do usuário com o objeto que realiza a detecção. Kemily ressalta: "A nossa proposta se assemelha mais com um teste rápido, pois impede o contato da pessoa com o objeto que atesta o que tem a mais na bebida". Essa inovação torna o processo mais seguro e acessível, especialmente em situações de risco.
Próximos passos e busca por patente
O grupo agora se prepara para finalizar um artigo científico com os resultados da fase de testes e iniciar a solicitação de patente para proteger a inovação. O objetivo é tornar o teste acessível e popularizar a iniciativa, especialmente entre os jovens, para ser utilizado em situações de risco, como em festas e eventos, especialmente no período de Carnaval.
Inovação no combate ao abuso: alunos de Franca desenvolvem teste para detectar bebidas adulterada
Reconhecimento e orgulho na Escola Estadual Mario D'Elia
A diretora da Escola Estadual Mario D’Elia, Rosemeire de Oliveira Mora Domenegheti, destacou o orgulho da escola com o trabalho realizado pelos alunos. "O sucesso da pesquisa é fruto da ‘sementinha’ de cada um dos participantes envolvidos, que dedicaram tempo, leitura, criatividade e senso de pertencimento. É emocionante ver jovens que se importam com os seus e fazem a diferença. Nossa escola não poderia estar mais orgulhosa", completou emocionada.
A iniciativa dos estudantes de Franca não só é uma grande contribuição para a segurança e bem-estar da comunidade, mas também destaca a capacidade dos jovens em desenvolver soluções inovadoras e científicas para problemas reais, reafirmando o papel da educação como motor de mudança na sociedade.
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