Saúde • 17:33h • 04 de junho de 2025
Infertilidade masculina afeta 3,2 milhões no Brasil e ainda é tratada como tabu
Especialistas reforçam que o diagnóstico precoce, os avanços da medicina e o fim do estigma podem transformar a vida de homens que sonham com a paternidade
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Foto: Divulgação

No Dia Mundial da Conscientização sobre a Infertilidade, celebrado em 4 de junho, um alerta ganha destaque: a infertilidade masculina é responsável por cerca de 40% dos casos de dificuldade para ter filhos e ainda é cercada por tabus, desinformação e resistência à busca por ajuda médica. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 3,2 milhões de homens brasileiros enfrentam esse desafio, muitas vezes em silêncio.
Apesar dos avanços na medicina reprodutiva, que incluem tratamentos eficazes e técnicas modernas como a Fertilização In Vitro (FIV), o estigma e os mitos ainda afastam muitos pacientes do diagnóstico precoce. O Dr. Kauy Victor Martinez Faria, urologista e andrologista da clínica Vida Bem Vinda, lembra que, ao contrário do que se pensa, a infertilidade masculina tem tratamento, mas requer informação e coragem para romper barreiras culturais e emocionais.
Entenda as causas mais comuns
As causas da infertilidade masculina podem ser pré-testiculares (como distúrbios hormonais e doenças crônicas), testiculares (como varicocele, caxumba e tumores) ou pós-testiculares (como obstruções e infecções genitais). Maus hábitos, como sedentarismo, dieta desequilibrada, tabagismo e exposição a calor excessivo também estão entre os fatores que afetam a qualidade do sêmen.
"Adotar um estilo de vida mais saudável, fazer exames regulares e buscar atendimento especializado são os primeiros passos", explica o especialista.
Diagnóstico e caminhos para o tratamento
O espermograma é o exame básico para avaliar a fertilidade masculina. A depender do resultado, o tratamento pode incluir desde mudanças no estilo de vida até cirurgia, reposição hormonal e técnicas de reprodução assistida. Segundo o Dr. Kauy, muitos casos considerados irreversíveis há alguns anos hoje têm solução com os avanços tecnológicos e protocolos personalizados.
"As técnicas de reprodução assistida, como a ICSI, já possibilitaram que muitos homens com produção mínima de espermatozoides se tornassem pais biológicos. A medicina evoluiu, agora é preciso que o acesso à informação evolua também", destaca.
Mitos que ainda atrapalham
Informações falsas propagadas nas redes sociais atrapalham o diagnóstico. Entre os mitos mais comuns estão:
- “Infertilidade é problema só das mulheres”
- “Ejacular normalmente significa estar fértil”
- “Usar cueca apertada causa infertilidade”
- “Fertilidade masculina não é afetada pela idade”
Essas crenças não apenas mascaram os reais fatores envolvidos como retardam o início do tratamento.
O impacto do preconceito
O medo de parecer “menos homem” ou de enfrentar julgamentos ainda impede muitos de procurarem ajuda. Dados da Sociedade Brasileira de Urologia indicam que quase metade dos homens com mais de 40 anos só procura um médico quando os sintomas se tornam insuportáveis.
“É preciso normalizar o debate sobre saúde reprodutiva masculina e criar espaços acolhedores para que esses homens se sintam confortáveis em buscar ajuda”, conclui o Dr. Kauy.
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