Responsabilidade Social • 14:16h • 03 de novembro de 2025
Inclusão de PCDs no varejo é desafio para que o setor avance além das cotas e dos números
Especialistas defendem que o varejo, responsável por 20% dos empregos formais no país, deve transformar a contratação obrigatória em verdadeira integração e protagonismo
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Dampress Assessoria | Foto: Divulgação
                                Com a chegada das festas de fim de ano, o varejo brasileiro entra em um de seus períodos mais movimentados, impulsionado pelas contratações temporárias. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), mais de 110 mil vagas devem ser abertas em 2025, número semelhante ao registrado no ano anterior.
Apesar da expansão das oportunidades, especialistas alertam que a inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) ainda é tratada por muitas empresas apenas como cumprimento de meta legal, e não como um valor incorporado à cultura organizacional. “É preciso ir além da cota legal. Incluir é permitir que a pessoa com deficiência esteja também à frente da loja, em contato com o cliente, representando a marca e participando da experiência de consumo”, afirma Gisely Liborio, especialista em gestão no varejo e defensora da inclusão efetiva de profissionais PCD.
Lei nº 8.213/1991
A Lei de Cotas determina que empresas com 100 ou mais funcionários preencham de 2% a 5% de seus cargos com pessoas com deficiência. Embora a legislação tenha promovido avanços, o desafio atual está em transformar a contratação obrigatória em integração real. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego indicam que o Brasil possui cerca de 540 mil PCDs com carteira assinada, o que representa apenas 1% dos trabalhadores formais. No setor de varejo, esse índice é ainda menor, especialmente em funções que envolvem atendimento direto ao público.
“Durante as contratações de fim de ano, é comum ver profissionais PCD sendo direcionados para atividades internas ou administrativas, longe do contato com o público. Isso precisa mudar. A inclusão só é verdadeira quando há visibilidade, oportunidade de protagonismo e ambiente preparado para receber a diversidade”, reforça Gisely.
A especialista destaca que o varejo exerce um papel estratégico na transformação cultural da sociedade. Responsável por 20% dos empregos formais do país, o setor é também um poderoso agente de influência social. “Quando o consumidor vê uma pessoa com deficiência atuando na linha de frente, ele entende que aquele espaço é para todos. Isso quebra barreiras invisíveis, gera empatia e muda a forma como a sociedade enxerga a diversidade”, ressalta Gisely Liborio, que chegou a aprender braile para tornar seus treinamentos corporativos mais acessíveis.
Para que a inclusão seja de fato incorporada, é necessário preparar líderes e equipes, com adaptações físicas como rampas, balcões acessíveis e sinalização tátil e formação comportamental, para garantir que todos compreendam o valor da diversidade.
Gisely enfatiza que não se trata de uma ação pontual, mas de um compromisso permanente. “Não basta contratar. É preciso dar condições, treinamento e voz. Inclusão não é um evento de fim de ano, é um processo diário que transforma as relações dentro e fora da empresa. O cliente percebe quando uma marca é coerente com seus valores e quando a inclusão é autêntica”, afirma.
Dar espaço para que pessoas com deficiência atuem nas mais diversas áreas é, segundo ela, um passo essencial para que o varejo avance em propósito e humanidade. “Incluir é enxergar potencial, não limitação. Quando o varejo entende isso, ele não apenas preenche vagas, ele transforma realidades”, conclui.
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