Economia • 11:48h • 30 de setembro de 2025
Hidrogênio verde enfrenta desafios para cumprir potencial energético
Brasil tem vantagens que podem favorecer produção de hidrogênio
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência Brasil | Foto: Miguel Ângelo/CNI

Em toda estrutura metálica das cidades, existe um passado ligado à emissão de gases poluentes. Pontes, edifícios, carros e navios são exemplos de construções feitas de aço, cuja produção libera grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera.
Preocupada com esse impacto, a engenheira química Patrícia Metolina desenvolveu uma solução para tornar as siderúrgicas mais eficientes e menos poluentes: usar hidrogênio verde no processo de transformação do minério de ferro em aço.
A pesquisa de Patrícia, vencedora do prêmio de teses da Universidade de São Paulo (USP), mostra como o hidrogênio pode ser estratégico na transição energética necessária para enfrentar o aquecimento global.
“No Brasil, ainda não temos essa tecnologia nas nossas siderúrgicas, mas nossas pesquisas mostram seu potencial. Na Suécia, há projetos piloto que comprovam sua viabilidade industrial. Grandes empresas do setor estão investindo para produzir aço verde e reduzir significativamente as emissões”, afirma Patrícia.
De olho nesse potencial, o Ministério de Minas e Energia e a Empresa de Pesquisa Energética lançaram recentemente o Portal Brasileiro de Hidrogênio, uma plataforma pública online para ampliar informações sobre o setor e atrair investidores.
O hidrogênio verde é obtido a partir de fontes de energia renováveis, como solar, eólica e hidrelétrica. Ele pode ser usado como combustível para aviões, embarcações e caminhões, na produção de fertilizantes e na fabricação de aço, substituindo processos que atualmente geram altas emissões de gases poluentes.
Na indústria siderúrgica tradicional, a extração do ferro exige fornos de alta temperatura e o uso de carvão, o que produz grandes quantidades de dióxido de carbono. O método desenvolvido por Patrícia substitui o carvão pelo hidrogênio, gerando apenas vapor de água como subproduto.
“O Brasil tem condições naturais favoráveis para a produção de hidrogênio verde, com sol e vento abundantes. Podemos produzir hidrogênio em regiões como o Nordeste e abastecer siderúrgicas próximas, fabricando aço verde de forma competitiva”, explica Patrícia.
Segundo estimativas do Hydrogen Council, a demanda global por hidrogênio deve crescer cinco vezes até 2050, com mais de 1.500 iniciativas de hidrogênio limpo em andamento. A América Latina concentra investimentos significativos, sendo o Brasil destaque pelo uso de energias renováveis.
Atualmente, os maiores projetos mundiais de hidrogênio verde estão na Alemanha, Arábia Saudita, Austrália, China, Chile, Espanha e Holanda. No Brasil, cinco grandes projetos liderados por empresas nacionais e internacionais envolvem produção de fertilizantes, amônia e metanol, com investimentos previstos de 63 bilhões até 2026, principalmente no Complexo de Pecém, no Ceará, além de Minas Gerais e Pernambuco.
“O momento atual é de consolidação de projetos reais, com fluxos de caixa organizados e planejamento financeiro para implementação”, diz Fernanda Delgado, diretora da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV).
Apesar do potencial, o setor enfrenta desafios como altos custos de produção, falta de infraestrutura logística, necessidade de regulação clara e disponibilidade de água para a eletrólise.
Exemplos de pesquisa no Brasil incluem projetos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), que envolvem produção de hidrogênio usando energia solar, aplicada em processos industriais e mobilidade sustentável. No entanto, os pesquisadores enfrentam dificuldades com equipamentos importados, manutenção e custos de operação.
“Precisamos de investimentos para manutenção, pesquisa, normas técnicas e certificação, para que essa tecnologia se torne competitiva. A transição energética é urgente, e o Brasil tem condições de produzir hidrogênio a custo mais baixo”, conclui Andrea Santos, professora da Coppe/UFRJ.
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