Policial • 12:04h • 27 de outubro de 2024
Formação de novas policiais permite a ampliação da Cabine Lilás para todo o estado de SP
Projeto das secretarias da Segurança Pública e de Políticas para a Mulher começou em março na capital e já registrou cerca de 4 mil atendimentos
Da Redação/Agência SP | Foto: Marcelo Camargo/Governo de São Paulo
A rede de proteção e apoio à mulher ganhou um importante reforço do Governo de SP na sexta-feira (24). Um grupo de 28 policiais concluiu o curso de capacitação para o atendimento na Cabine Lilás, projeto criado em março deste ano pelas secretarias de Segurança Pública e de Políticas para a Mulher para atender vítimas de violência doméstica. O treinamento das policiais vai permitir a ampliação do atendimento para todas as regiões do estado.
A formatura do Programa Complementar de Treinamento da Cabine Lilás foi realizada no Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) de São Paulo, onde as policiais receberam treinamento durante uma semana. No curso, elas tiveram aulas de psicologia, direito, redes de apoio, medidas protetivas e funcionamento das Delegacias da Defesa da Mulher.
“Estamos trabalhando intensamente para que a mulher do Estado de São Paulo saiba que ela tem onde buscar acolhimento e segurança. Para que ela possa ficar mais tranquila, e isso para a gente é um orgulho”, disse a secretária de Políticas para a Mulher, Valéria Bolsonaro.
O Governo de São Paulo reforçou as políticas de apoio às mulheres e aumentou a visibilidade sobre a rede de proteção com o movimento SP Por Todas, lançado em março deste ano. Além de mais segurança, a ação foca na autonomia profissional, auxílio para moradia e apoio à saúde feminina.
Contato mais humano
Uma das formandas era a sargento Arlete de Azevedo, que trabalha há três anos e meio como supervisora de atendimento no Copom de São José do Rio Preto, na região do Comando de Policiamento do Interior (CPI)-5. “Uma das vantagens da Cabine Lilás é que agora você tem mais tempo e preparo para orientar a vítima, o que ajuda a tornar o contato mais humano, para ouvir desabafos e acolher a vítima que está passando por um dos piores momentos da vida dela”, diz.
Além disso, foram ensinados fatores comportamentais na hora de atender a ligação, como a melhor forma de conversar, se expressar e o tom de voz adequado. Tudo isso para garantir que a mulher vítima de agressão receba um serviço especializado e humanizado ao ligar no 190.
Entre os formandos, estão 18 militares do interior paulista que voltarão aos seus respectivos Copons, nas regiões de São José dos Campos, Campinas, Ribeirão Preto, Bauru, São José do Rio Preto, Santos, Sorocaba, Presidente Prudente, Piracicaba e Araçatuba. Ainda será definida a data para o início dos atendimentos, que serão feitos gradualmente.
As outras dez policiais se juntarão à equipe que já trabalha na cidade de São Paulo e na região metropolitana desde o início de março, composta atualmente por 25 agentes.
“A Cabine Lilás consegue centralizar em um único lugar todas as iniciativas do estado de proteção à mulher. Temos a Casa da Mulher Brasileira, o plantão presencial e virtual das Delegacias de Defesa da Mulher (DDM), as casas de acolhimento, entre outros. Cerca de 30% das vítimas conseguem quebrar o ciclo de violência por conta dessas orientações que fazem a diferença para salvar vidas”, diz o comandante do Copom de São Paulo, coronel Carlos Henrique Lucena.
Mais de 4 mil atendimentos
A Cabine Lilás já atendeu mais de 4,3 mil chamados por meio do número 190 em sete meses. Foram 2,5 mil orientações sobre como obter a medida protetiva, sendo que 124 agressores foram conduzidos à delegacia com o apoio das operadoras da cabine por descumprimento das regras impostas pela Justiça. 21 deles permaneceram presos.
O serviço de proteção e rede de apoio à mulher pode ser solicitado pela própria vítima ou ser ofertado pelo atendente, caso a mulher queira falar diretamente com uma policial ou se tiver dúvidas em relação a quais medidas adotar caso seja agredida.
“Em quase todas as vezes, as mulheres nos ligam quando já aconteceu a agressão, quando o suspeito não está mais no local. Enquanto a gente despacha a viatura até o endereço, ficamos com a pessoa na linha dando apoio psicológico e passando as orientações”, comenta a cabo Raiane Cavalcante, que fez parte da primeira turma do programa.
A militar também reitera que muitas vítimas ligam já fragilizadas e com vergonha de irem até a delegacia. Então, elas são orientadas a abrir um boletim de ocorrência sem sair de casa, por meio do aplicativo SP Mulher Segura. A denúncia é direcionada diretamente para a DDM Online.
Em alguns casos, as vítimas fogem de casa depois da agressão sofrida e não têm para onde ir. Ao ligar na central 190, a Cabine Lilás encaminha a vítima para uma rede de abrigo, onde é orientada sobre como obter o auxílio-aluguel, fazer cursos profissionalizantes e a recolocação no mercado de trabalho.
Combate à violência contra a mulher
Nos primeiros oito meses do ano, 122 mil boletins de ocorrência de violência doméstica foram registrados em todo o território paulista. Além da Cabine Lilás, o estado disponibiliza 141 DDMs territoriais — sendo que 11 funcionam 24 horas – e 142 salas DDMs instaladas estrategicamente em plantões policiais, possibilitando que a vítima seja atendida por videoconferência por uma equipe especializada.
Como as subnotificações para o crime ainda são altas, o Governo de São Paulo tem promovido campanhas para incentivar as vítimas a denunciarem os agressores.
Uma dessas frentes foi o lançamento do aplicativo SP Mulher Segura. Além de permitir o registro do boletim de ocorrência de forma online, o app possui um botão de pânico para emergências e realiza de forma ininterrupta o monitoramento do agressor com tornozeleira eletrônica, o que permite uma rápida ação da polícia em caso do infrator tentar se aproximar das vítimas que possuem medidas protetivas.
Também houve a criação do auxílio-aluguel de R$ 500 para vítimas de violência doméstica, a ampliação de linhas de crédito e as entregas das Casas da Mulher Paulista, que oferecem serviços de apoio psicológico e capacitação profissional.
Já o protocolo Não Se Cale foi implementado para acolhimento imediato e combate à importunação sexual em bares, restaurantes, casas de show e similares, formando equipes em um curso online oferecido gratuitamente aos profissionais do setor.
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