Responsabilidade Social • 12:38h • 25 de dezembro de 2025
Fim de ano expõe crianças a riscos invisíveis e exige vigilância redobrada
Mudança de rotina, ambientes cheios e falsa sensação de segurança aumentam riscos para crianças durante celebrações familiares
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Allure | Foto: Arquivo/Âncora1
As festas de fim de ano costumam ser associadas à celebração, encontros familiares e momentos de descanso. Para as crianças, esse período também significa mais liberdade, com mudanças de rotina, circulação por diferentes ambientes, viagens, pernoites fora de casa e convivência com pessoas que nem sempre fazem parte do cotidiano. Especialistas alertam, porém, que esse conjunto de fatores pode aumentar a vulnerabilidade infantil a situações de risco, inclusive dentro do próprio círculo familiar.
Segundo a educadora sexual, psicanalista e sexóloga Marcella Jardim, existe uma falsa sensação de segurança associada às festas familiares. “Muitas pessoas acreditam que, por estar em família ou entre conhecidos, o risco é zero. Mas é justamente nesses ambientes de confiança que os limites ficam mais flexíveis e a supervisão diminui”, explica. Para ela, cuidado não é sinônimo de desconfiança, mas de presença ativa, comunicação clara e proteção constante, independentemente do contexto.
Rotina alterada e vigilância diluída
Durante confraternizações, é comum que crianças circulem mais entre adultos, passem longos períodos longe dos pais, durmam em locais diferentes e convivam com pessoas pouco frequentes em sua rotina. Esse cenário, segundo a especialista, favorece a diluição da vigilância. “A rotina muda, os adultos relaxam e, sem perceber, comportamentos de risco passam a ser naturalizados”, afirma.
Entre os pontos de atenção frequentemente subestimados estão permitir que a criança circule sozinha entre adultos, permaneça em quartos ou espaços isolados com outras pessoas ou minimizar mudanças de comportamento. Silêncio excessivo, irritação repentina, medo, retraimento ou insistência em não ficar perto de alguém específico são sinais que não devem ser ignorados. “Toques, brincadeiras ou piadas inadequadas muitas vezes são tratados como normais, quando deveriam acender um alerta”, ressalta.
Álcool e distração aumentam riscos
Outro fator crítico apontado por especialistas é o consumo de álcool durante eventos festivos. Ambientes em que adultos estão distraídos ou alcoolizados tendem a reduzir a atenção e o senso de responsabilidade. Marcella Jardim recomenda que a supervisão seja intencional e organizada. “É fundamental definir previamente quem será o adulto responsável por acompanhar a criança durante a festa, garantindo que essa pessoa esteja sóbria, atenta e disponível”, orienta.
Também é indicado evitar que crianças circulem sozinhas por áreas isoladas, observar com quem estão e por quanto tempo, além de combinar sinais simples para que possam se aproximar dos pais sempre que se sentirem desconfortáveis.
Comportamento é forma de comunicação
Nem sempre crianças conseguem verbalizar o que sentem. Por isso, mudanças comportamentais são uma das principais ferramentas de alerta. Evitar uma pessoa específica, pedir para ir embora, insistir em ficar perto dos pais, apresentar queixas físicas sem causa aparente ou recusar-se a frequentar determinados espaços não devem ser interpretados como manha ou timidez. “Esses comportamentos são formas legítimas de comunicação”, explica a especialista.
O contato físico também merece atenção especial. Em festas, ainda é comum a expectativa de que crianças aceitem abraços e beijos por educação, mesmo demonstrando incômodo. Para Marcella, esse é um hábito que precisa ser revisto. “Quando uma criança diz ‘não’, se afasta ou demonstra desconforto, o limite dela precisa ser respeitado. Proteger não é falta de educação. Falta de educação é ignorar um limite”, afirma.
Prevenção começa antes da festa
A orientação preventiva deve acontecer antes das celebrações, de forma leve e adequada à idade da criança. A recomendação é evitar discursos alarmistas. “A conversa deve reforçar que o corpo da criança merece respeito, que ela pode dizer ‘não’ sempre que se sentir desconfortável e que pode procurar os pais a qualquer momento”, orienta Marcella.
Como estratégia adicional, podem ser combinados códigos simples de comunicação, palavras ou frases cotidianas que indiquem desconforto. Ainda assim, a especialista ressalta que nenhum código substitui o vínculo. “O melhor sistema de proteção é a confiança. Quando a criança sabe que será ouvida e acolhida, ela pede ajuda com ou sem código.”
Acolher, acreditar e agir
Caso a criança relate qualquer incômodo envolvendo familiares ou convidados, a resposta dos adultos deve ser imediata e cuidadosa. A primeira atitude é acreditar no relato, ouvir sem interromper e agradecer pela confiança. Em seguida, é essencial afastá-la da situação ou da pessoa envolvida, sem exposição ou constrangimento. “Proximidade ou laços familiares não invalidam o desconforto. A mensagem mais importante é: ‘Eu te escuto, eu acredito em você e eu vou te proteger’”, reforça.
Especialistas destacam que as festas de fim de ano podem, e devem, ser momentos de alegria e construção de memórias positivas. Para isso, a proteção infantil precisa ser ativa, consciente e constante. Informação, diálogo e presença seguem sendo os principais aliados para garantir que a celebração seja, de fato, segura para todos.
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