Ciência e Tecnologia • 18:32h • 17 de julho de 2025
Ferramenta de IA identifica 9 tipos de demência com mais precisão e rapidez
StateViewer, da Mayo Clinic, acerta o diagnóstico em 88% dos casos e promete revolucionar o cuidado com pacientes ao permitir diagnósticos mais precoces
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Mayo Clinic | Foto: Divulgação

Pesquisadores da Mayo Clinic anunciaram o desenvolvimento de uma nova ferramenta de inteligência artificial (IA) que promete mudar o diagnóstico de demências em todo o mundo. Batizada de StateViewer, a tecnologia consegue identificar padrões cerebrais associados a nove tipos diferentes de demência, incluindo a doença de Alzheimer, usando apenas um exame de imagem amplamente disponível.
Segundo estudo publicado em 27 de junho de 2025 na revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia, o StateViewer identificou corretamente o tipo de demência em 88% dos casos analisados. A ferramenta não apenas aumentou a precisão diagnóstica em até três vezes em comparação com os métodos tradicionais, como também reduziu quase pela metade o tempo necessário para interpretar os exames.
Para treinar o sistema, os pesquisadores analisaram mais de 3.600 exames de tomografia por emissão de pósitrons com fluordesoxiglicose (FDG-PET), incluindo casos confirmados de demência e exames de pessoas sem comprometimento cognitivo. O exame FDG-PET mostra como o cérebro consome glicose, permitindo a detecção de padrões característicos de cada doença.
A iniciativa busca enfrentar um dos maiores desafios no cuidado de pacientes com demência: o diagnóstico precoce e preciso. Atualmente, identificar o tipo exato de demência é uma tarefa complexa que envolve uma série de exames clínicos, entrevistas e testes laboratoriais. Mesmo com todos esses recursos, diferenciar entre Alzheimer, demência por corpos de Lewy ou demência frontotemporal ainda é difícil até mesmo para especialistas experientes.
A nova ferramenta oferece suporte diagnóstico especialmente valioso para clínicas sem neurologistas especializados, facilitando o acesso a um diagnóstico mais preciso e permitindo que tratamentos possam ser direcionados de forma mais adequada e no momento mais oportuno.
O impacto dessa inovação é ainda mais relevante diante do cenário global: mais de 55 milhões de pessoas vivem com demência no mundo, com cerca de 10 milhões de novos casos sendo registrados todos os anos. A doença de Alzheimer, por si só, é a quinta principal causa de morte em nível mundial.
Desenvolvido sob a liderança do Dr. David Jones, diretor do Programa de Inteligência Artificial em Neurologia da Mayo Clinic, o StateViewer representa anos de pesquisa e compromisso com os pacientes. O Dr. Jones destaca que “cada paciente traz uma história única moldada pela complexidade do cérebro”, e que a ferramenta é um passo importante para oferecer diagnósticos mais claros e tratamentos mais eficazes.
Além dele, o projeto contou com o Ph.D. Leland Barnard, responsável pela engenharia de IA. Barnard reforça que o foco sempre esteve no paciente, lembrando que por trás de cada dado analisado existe uma pessoa enfrentando um diagnóstico difícil.
O diferencial do StateViewer está em sua capacidade de transformar dados complexos em insights claros e visuais. O sistema gera mapas cerebrais codificados por cores que destacam áreas-chave de atividade, facilitando a interpretação até mesmo por profissionais sem formação especializada em neurologia.
Por exemplo, o Alzheimer costuma afetar regiões ligadas à memória e ao processamento de informações; a demência por corpos de Lewy compromete áreas relacionadas à atenção e ao movimento; e a demência frontotemporal altera funções de linguagem e comportamento.
Os pesquisadores da Mayo Clinic planejam expandir o uso do StateViewer para diferentes contextos clínicos e continuarão avaliando o desempenho da ferramenta, com o objetivo de levar diagnósticos mais precoces e precisos para pacientes ao redor do mundo.
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