Ciência e Tecnologia • 14:28h • 26 de outubro de 2024
Família de Maguila doa cérebro para pesquisa sobre Encefalopatia Traumática Crônica
Ex-pugilista, que faleceu aos 66 anos, deixou legado para estudos que visam prevenir doenças neurológicas
Da Redação | Com informações da Agência Brasil | Foto: Reprodução/Redes Sociais
A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) recebeu, nesta sexta-feira (25), o cérebro do ex-pugilista José Adilson Rodrigues dos Santos, conhecido como Maguila, para estudos sobre a Encefalopatia Traumática Crônica (ETC). A doença degenerativa, com a qual o ex-atleta conviveu por 18 anos, resulta de impactos repetidos na cabeça e foi um fator significativo na sua saúde. Maguila faleceu na última quinta-feira (24), aos 66 anos.
Em uma entrevista coletiva na Assembleia Legislativa de São Paulo, onde o corpo do ex-pugilista foi velado, sua esposa, Irani Pinheiro, explicou que a decisão pela doação do cérebro foi tomada em vida, destacando a importância do ato para a pesquisa científica. “Resolvemos, em vida, pela doação do cérebro dele”, afirmou Irani.
O cérebro de Maguila é o terceiro de um atleta que o Biobanco para Estudos em Envelhecimento da FMUSP tem acesso, juntando-se aos de Éder Jofre e Bellini, ambos diagnosticados com a mesma condição. A doação de tecidos cerebrais é fundamental para o avanço da pesquisa sobre a ETC, permitindo diagnósticos mais precisos e precoces.
Maria Elisabeth Ferraz, coordenadora do Departamento Científico de Traumatismo Cranioencefálico da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), enfatizou a importância dessa pesquisa: “A disponibilidade do tecido cerebral desses atletas é enorme para a pesquisa e a ciência, pois, no fim, [o resultado] reverte para todo mundo.” Ela ressaltou que a prevenção e a identificação de biomarcadores são cruciais para evitar que indivíduos continuem sofrendo impactos cranianos.
Foto: José Adilson Rodrigues dos Santos/Reprodução - Redes Sociais
A Encefalopatia Traumática Crônica foi identificada pela primeira vez em 2002 pelo neuropatologista Bennet Omalu, ao diagnosticar a condição em Mike Webster, um ex-jogador de futebol americano. A repercussão do estudo inicial levou a controvérsias e à implementação de protocolos de segurança na NFL, refletindo a necessidade urgente de abordar a questão da segurança nos esportes.
Além das implicações esportivas, a neurologista alertou para uma realidade preocupante em relação à violência, destacando que qualquer tipo de impacto repetido no cérebro pode levar a alterações cognitivas e comportamentais. “Aquela mulher que sofre violência doméstica cronicamente em casa, por seu companheiro ou alguém mais, também pode desenvolver esse quadro degenerativo neurológico”, afirmou.
A doação do cérebro de Maguila não apenas contribui para a compreensão da Encefalopatia Traumática Crônica, mas também levanta questões importantes sobre a saúde mental e as consequências de traumas repetidos, tanto no esporte quanto na vida cotidiana.
Aviso legal
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, integral ou parcial, do conteúdo textual e das imagens deste site. Para mais informações sobre licenciamento de conteúdo, entre em contato conosco.
Últimas Notícias
As mais lidas
Política
Adestrador Marcondes apresenta projetos para causa animal em Assis
Iniciativas visam promover a saúde pública, bem-estar animal e responsabilidade social