Responsabilidade Social • 10:51h • 18 de outubro de 2025
Falta de preparo emocional pode levar famílias a desistirem da adoção
Instituição Ficar de Bem alerta para importância do acompanhamento psicológico e social em todo o processo
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Maxima Assessoria | Foto: Arquivo/Âncora1

A adoção, considerada um dos gestos mais profundos de amor e empatia, exige tempo, paciência e preparo emocional. No entanto, nem sempre o processo ocorre como o esperado, e os desafios da convivência podem levar algumas famílias a desistirem. Em situações assim, crianças que haviam sido acolhidas voltam aos abrigos, enfrentando novamente o rompimento de vínculos afetivos e o impacto emocional da rejeição.
De acordo com a psicóloga Aline Nonato, da Ficar de Bem, instituição dedicada à proteção integral de crianças, adolescentes, mulheres, idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade, a desistência pode ocorrer por diversos motivos, como falta de preparo emocional dos adotantes, expectativas irreais sobre o comportamento da criança, dificuldades de adaptação ou ausência de acompanhamento profissional adequado. Ela destaca que a adoção requer maturidade, paciência e comprometimento, sendo um vínculo de vida, e não apenas um ato de generosidade.
Dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (CNJ) apontam que, desde 2019, 8,9% dos processos de adoção no Brasil foram desfeitos, o que representa cerca de nove desistências a cada 100 adoções. No total, 24.673 crianças e jovens foram adotados no país desde então.
Muitas dessas crianças chegam às novas famílias após vivências marcadas por perdas e traumas, e necessitam de tempo e segurança para se adaptar. Nesses casos, o acompanhamento psicológico e social é essencial para fortalecer o vínculo familiar e apoiar o processo de adaptação. Quando ocorre uma desistência, os efeitos psicológicos costumam ser profundos: sentimentos de abandono, rejeição e culpa se somam à dificuldade de confiar novamente em adultos.
Acompanhamento e legislação
Para evitar que situações como essa se repitam, Aline Nonato reforça a importância de um acompanhamento integral, com suporte psicológico, pedagógico e social para todos os envolvidos. O diálogo constante, a orientação profissional e o preparo emocional adequado aumentam significativamente as chances de uma adoção bem-sucedida e duradoura.
A psicóloga também alerta que a “devolução” de uma criança adotada após sentença judicial é considerada um ato ilícito civil, podendo configurar crime de abandono de incapaz, sujeito a indenizações e até prisão. No Brasil, a adoção é irrevogável por lei, garantindo que o vínculo adotivo tenha a mesma validade e força do vínculo biológico.
Ela ainda observa que o aumento desses casos na sociedade está relacionado à idealização de filhos perfeitos e gratos, sem levar em conta o histórico de vida e os traumas das crianças, além da falta de preparo emocional e responsabilidade afetiva dos adotantes.
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