Variedades • 20:29h • 07 de agosto de 2025
Exaustão disfarçada: a verdade por trás da rotina “eficiente” demais
Com sintomas físicos e mentais ignorados, obsessão por desempenho revela uma geração sobrecarregada emocionalmente e normaliza o sofrimento
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Lara Assessoria | Foto: Arquivo/Âncora1

A produtividade sempre foi exaltada como um traço positivo, sinônimo de eficiência e competência. No entanto, o que era virtude passou a se tornar um problema quando levado ao extremo. Segundo dados da Fiocruz, mais da metade dos trabalhadores brasileiros apresenta sinais de exaustão mental crônica — reflexo direto da pressão por alta performance, cada vez mais presente no ambiente profissional e pessoal.
Para o psicólogo Jair Soares, doutorando em Psicologia pela Universidade de Flores (UFLO), na Argentina, e fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT), a hiperprodutividade é mais do que um traço comportamental: pode ser uma fuga emocional. “A compulsão por produtividade muitas vezes não tem relação com ambição ou eficiência, mas sim com mecanismos psíquicos de evitação. O trabalho vira anestesia emocional”, explica.
Essa tentativa inconsciente de manter o controle sobre a vida por meio de uma rotina acelerada mascara questões profundas, muitas vezes relacionadas à desvalorização, rejeição ou necessidade de aprovação vividas no passado. Ao invés de buscar enfrentamento emocional, o indivíduo deposita todo o seu valor no “fazer”. O resultado é um corpo que começa a gritar: insônia, taquicardia, irritabilidade e crises de ansiedade são alguns dos sinais mais comuns.
Mesmo após o fim das restrições da pandemia, muitos seguem em estado de alerta, como se relaxar fosse perigoso. E isso, segundo Soares, é visto pela sociedade como elogio. “São pessoas aclamadas pela eficiência, mas que vivem em guerra interna, incapazes de descansar. Elas associam parar com fracasso”, afirma.
Diante disso, ele desenvolveu a Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), que busca reestruturar as memórias que sustentam os comportamentos compulsivos. “Não se trata de ressignificar, mas de permitir que o corpo entenda que não há mais perigo. Quando o passado deixa de ser uma ameaça, a produtividade volta a ser escolha, não compulsão”, diz o terapeuta.
O alerta de Soares é: “O novo vício do século não está nas drogas, mas nos comportamentos que normalizamos. A produtividade desenfreada é uma tentativa de silenciar dores emocionais. E merece ser tratada com o mesmo cuidado que qualquer dependência.”
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