Ciência e Tecnologia • 08:06h • 16 de novembro de 2025
Estudo nacional pode trazer a cura para o HIV
Estudo brasileiro mostra resultado inédito no controle do HIV apenas com medicamentos e imunoterapia personalizada. Paciente permanece sem sinais detectáveis do vírus por 78 semanas consecutivas, reacendendo esperanças de uma futura cura
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações do CFF | Foto: Arquivo Âncora1
Uma equipe da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) divulgou, em agosto, um resultado que reacende as esperanças na busca pela cura do HIV. Diferente dos casos anteriores de remissão da doença, geralmente alcançados após transplantes de medula óssea, o novo estudo conseguiu eliminar o vírus de forma detectável por 78 semanas consecutivas apenas com medicamentos e imunoterapia personalizada.
O trabalho é coordenado pelo infectologista Dr. Ricardo Sobhie Diaz, diretor do Laboratório de Retrovirologia da Unifesp. Segundo ele, o protocolo combinou uma “superterapia” com antirretrovirais potentes e agentes capazes de reativar o vírus dormente nas células, tornando-o vulnerável aos remédios e ao sistema imunológico. “Quanto mais reduzimos a carga viral, mais próximo da cura o paciente está”, explicou o pesquisador.
O tratamento incluiu fármacos como dolutegravir e maraviroque, associados à nicotinamida (vitamina B3) e à auranofina, um sal de ouro usado como reversor de latência. Além disso, foi aplicada uma terapia celular personalizada, semelhante a uma vacina terapêutica, para fortalecer a resposta imune e eliminar células infectadas em áreas de difícil acesso aos medicamentos.
De acordo com o Dr. Ricardo, a inovação está na combinação simultânea de estratégias que antes eram testadas separadamente. O resultado foi a redução expressiva do reservatório viral, menor inflamação e controle prolongado do vírus mesmo após a interrupção do tratamento.
A pesquisa se inspira em tratamentos oncológicos, buscando eliminar as células que sustentam a infecção. “Nosso objetivo é reconstruir a resposta imune adaptativa para controlar e reduzir o reservatório viral”, disse o médico, comparando o avanço com o que já ocorreu na cura da hepatite C.
Os próximos passos incluem ampliar o estudo para mais participantes e ajustar o protocolo com base nos resultados promissores. “Quarenta e cinco anos depois do primeiro caso, já mostramos que é possível curar a infecção por HIV. Agora é expandir esse resultado”, afirmou.
Especialistas apontam que a combinação de antirretrovirais, reversores de latência e imunoterapia é uma abordagem promissora, mas reforçam que os achados ainda precisam ser confirmados em ensaios clínicos maiores e de longo prazo.
O estudo da Unifesp marca um avanço histórico na pesquisa sobre HIV, abrindo caminho para que, no futuro, a cura possa ser alcançada sem transplantes nem manipulação genética — apenas com tratamento farmacológico e imunológico avançado.
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