Ciência e Tecnologia • 13:09h • 23 de abril de 2025
Estudo inédito sobre resistência ao Dolutegravir revela dados para o tratamento do HIV
Pesquisa de farmacêutico brasileiro confirma eficácia do Dolutegravir, mas alerta para necessidade de vigilância contínua da resistência ao medicamento
Da Redação | Com informações do CFF | Foto: Divulgação

O farmacêutico Igor Francisco Chagas, em sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-graduação em Medicamentos e Assistência Farmacêutica da UFMG, realizou um estudo inédito sobre a resistência ao Dolutegravir (DTG), um dos principais medicamentos utilizados no tratamento do HIV/Aids. Publicado em um periódico internacional, o estudo analisou dados de pacientes virgens de tratamento que iniciaram a Terapia Antirretroviral (TARV) no Brasil entre 2017 e 2019.
Intitulada "Fatores associados às mutações de resistência à integrase em indivíduos iniciando a terapia antirretroviral contendo dolutegravir: coorte retrospectiva, Brasil 2017-2019", a pesquisa se baseou em dados do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (Siclom), Sistema de Informação para Rede de Genotipagem (Sisgeno) e o Sistema de Controle de Exames Laboratoriais de CD4+/CD8+ e Carga Viral do HIV (Siscel). O estudo revelou que 7% dos pacientes analisados apresentaram resistência ao DTG. Entre as mutações mais prevalentes estavam N155H, E138K e R263K.
Eficácia do Dolutegravir
Apesar do surgimento de resistência em uma pequena parcela dos pacientes, o estudo reafirma a alta eficácia do Dolutegravir, que apresenta uma "barreira genética elevada". Isso significa que é difícil para o HIV desenvolver resistência ao medicamento. Chagas destaca que, para a grande maioria dos pacientes, o DTG continua a ser um tratamento eficaz, com mais de 90% dos pacientes alcançando uma supressão viral sustentada se seguirem corretamente a adesão ao tratamento.
O DTG, atualmente, é amplamente utilizado no Brasil como primeira linha de tratamento para o HIV, representando cerca de 94,4% das dispensações iniciais de TARV. A pesquisa também aponta a importância de monitorar de perto os pacientes com falha virológica e os que têm histórico de uso do Raltegravir (RAL), um antirretroviral com o qual a resistência ao DTG é mais prevalente.
Farmacêutico responsável pelo estudo inédito no Brasil, Igor Francisco Chagas
Vigilância contínua e importância para os profissionais de saúde
Chagas alerta para a necessidade de vigilância farmacoepidemiológica contínua, especialmente para pacientes que usaram o Raltegravir, pois esses têm maior risco de desenvolver mutações no gene da integrase, o que pode afetar a eficácia do DTG. A recomendação é que, em casos de falha virológica, os profissionais de saúde intervenham de forma imediata, ajustando o tratamento para garantir o melhor controle do HIV.
Impacto no tratamento de HIV no Brasil e globalmente
Além de suas implicações clínicas, a pesquisa também é um importante avanço para a saúde pública, já que os resultados fornecem dados cruciais para a melhoria das políticas públicas relacionadas ao tratamento de HIV/Aids. As descobertas podem ajudar a otimizar o uso do Dolutegravir, garantindo que os pacientes com HIV no Brasil, e também em outras partes do mundo, recebam o tratamento mais eficaz possível.
O estudo de Chagas destaca a relevância de estudos longitudinais e de coorte, como o realizado no Brasil, para ampliar a compreensão dos padrões de resistência aos medicamentos, e contribuir para a formação de políticas de saúde mais robustas, tanto no Brasil quanto globalmente.
Dados sobre HIV no Brasil e no mundo
Em 2023, o mundo registrou entre 36,1 milhões e 44,6 milhões de pessoas vivendo com HIV, sendo cerca de 1,5 milhão de crianças menores de 15 anos. O Brasil, por sua vez, contabiliza mais de 1,1 milhão de casos desde o início da epidemia, com uma média anual de 36 mil novos casos. A taxa de detecção de Aids no Brasil foi de 17,8 casos por 100 mil habitantes, com a principal via de transmissão sendo a sexual.
Resistência ao Dolutegravir em perspectiva global
O último Relatório de Resistência aos Medicamentos para o HIV (HIVDR), publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), revelou que a resistência ao Dolutegravir varia de 3,9% a 19,6% entre indivíduos com viremia detectável em uso de TARV com DTG. Este estudo, realizado por Igor Francisco Chagas, fornece uma visão crucial sobre os padrões de resistência, podendo influenciar tanto a prática clínica quanto as políticas de saúde pública em nível global.
Leia o estudo na íntegra aqui.
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