• Estudo da Unesp sobre impacto de agrotóxicos em abelhas recebe menção honrosa da Capes
  • Concha Acústica recebe hoje a Feira de Rock de Assis com atrações culturais e gastronômicas
Novidades e destaques Novidades e destaques

Saúde • 15:02h • 08 de abril de 2025

Estudo de SP revela que excesso de frutose aumenta o risco de diabetes tipo 2 e doenças no fígado

Estudo da USP e da Université Laval, no Canadá, mostra que mudanças intestinais precedem o descontrole glicêmico e o acúmulo de gordura hepática

Agência SP | Foto: Divulgação/Governo de São Paulo

Açúcares ricos em frutose, como o xarope de milho, são muito presentes em bisnaguinhas e pão de forma.
Açúcares ricos em frutose, como o xarope de milho, são muito presentes em bisnaguinhas e pão de forma.

 O consumo excessivo de frutose – comum em dietas com alto teor de alimentos ultraprocessados – modifica a forma como o intestino responde à glicose, aumentando a absorção desse açúcar e comprometendo o controle da glicemia. Essa foi a conclusão de um estudo publicado na revista Molecular Metabolism por pesquisadores da Université Laval (Ulaval), do Canadá, e do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP).

Segundo os autores, esses efeitos observados em camundongos precedem a intolerância à glicose e o acúmulo de gordura no fígado, dois fatores ligados ao desenvolvimento do diabetes tipo 2 e da doença hepática gordurosa associada à disfunção metabólica (Masld, na sigla em inglês). E a absorção intestinal alterada é o gatilho do problema.

No estudo, camundongos foram alimentados durante sete semanas com uma dieta em que 8,5% da energia vinha da frutose – proporção considerada elevada, mas ainda próxima do consumo humano médio. Em apenas três dias, os animais já apresentavam um aumento na capacidade do intestino de absorver glicose, antes mesmo do surgimento da intolerância à glicose. Após quatro semanas, a glicose já não era eficientemente removida do sangue e, ao fim do estudo, observou-se acúmulo de gordura no fígado – condição que pode evoluir para quadros mais graves, como a cirrose.

Curiosamente, mesmo com esses efeitos adversos, os camundongos não desenvolveram resistência à insulina nos músculos ou no tecido adiposo, indicando que o descontrole glicêmico inicial ocorre por alterações no intestino e não por falha na resposta insulínica periférica.

A explicação para esse fenômeno pode estar na ação de um hormônio chamado GLP-2, produzido por células do intestino. Os pesquisadores constataram que o consumo excessivo de frutose eleva os níveis circulantes de GLP-2, substância que estimula o crescimento da superfície intestinal e o aumento da absorção de nutrientes. Ao bloquear o receptor desse hormônio (Glp2r) com uma droga, foi possível impedir o aumento da absorção de glicose, evitando tanto a intolerância quanto o acúmulo de gordura no fígado.

No entanto, a estratégia de bloqueio do Glp2r não é facilmente aplicável a humanos, pois esse mesmo receptor está envolvido na proteção da barreira intestinal contra infecções e inflamações. Isso reforça a complexidade do papel do GLP-2 na saúde metabólica.

“Mostramos que o aumento da absorção de glicose pelo intestino ocorre antes da intolerância à glicose. Isso abre caminho para o uso desse mecanismo como um biomarcador precoce”, disse à Assessoria de Imprensa do ICB-USP Fernando Forato Anhê, professor da Faculdade de Medicina da Ulaval e coordenador da investigação. “O teste de absorção intestinal de glicose é barato, seguro e já utilizado em humanos – bastaria aplicá-lo em um novo contexto.”

Apoiada pela Fapesp por meio de quatro projetos, a pesquisa foi conduzida por Paulo H. Evangelista-Silva, doutorando no Programa de Pós-Graduação do Departamento de Biologia Funcional e Molecular do ICB-USP, em coautoria com Eya Sellami, pesquisadora da Ulaval, e Caio Jordão Teixeira, pós-doutorando no Departamento de Fisiologia e Biofísica do ICB-USP.

Na próxima etapa, apoiada pelo Canadian Institutes of Health Research (CIHR), o grupo vai investigar como o microbioma intestinal pode ser manipulado para reduzir os efeitos nocivos do excesso de frutose.

Fruta é aliada

De acordo com Evangelista-Silva, os resultados do estudo se referem ao consumo de frutose adicionada a alimentos ultraprocessados. “Frutas in natura são ricas em fibras, que ajudam a retardar a absorção de glicose e aumentam a saciedade. Além disso, contêm nutrientes benéficos para a saúde intestinal e hepática”, explicou.

A pobreza nutricional dos ultraprocessados, com baixo teor de fibras e altos níveis de açúcares adicionados – como o xarope de milho e o açúcar de cana –, sobrecarrega o organismo. Evangelista-Silva recomenda priorizar alimentos in natura, conforme orienta o Guia Alimentar para a População Brasileira, desenvolvido pelo Ministério da Saúde com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

O açúcar de cana-de-açúcar e o xarope de milho são exemplos de açúcares ricos em frutose amplamente utilizados pela indústria em alimentos ultraprocessados. Confira abaixo alguns exemplos:

• Refrigerantes e sucos industrializados (mesmo os 100% fruta)

• Cereais matinais e barras adoçadas

• Biscoitos recheados e doces industrializados

• Pães e bolos prontos (como bisnaguinhas e pão de forma)

• Chás prontos e bebidas esportivas adoçadas

• Molhos industrializados (ketchup, barbecue etc.)

• Iogurtes adoçados, sobremesas lácteas e geleias

Últimas Notícias

Descrição da imagem

Cultura e Entretenimento • 15:06h • 14 de setembro de 2025

Faltam 3 meses: Cruzália anuncia 4ª edição da Cavalgada para dezembro

Evento acontece no dia 14 de dezembro e promete reunir famílias, amigos e amantes da cultura tropeira

Descrição da imagem

Mundo • 14:56h • 14 de setembro de 2025

Acidentes com cargas perigosas crescem 21% e Entrevias emite alerta

Concessionária reforça orientações a motoristas diante do aumento nos acidentes com produtos químicos no trecho sob sua gestão

Descrição da imagem

Saúde • 14:24h • 14 de setembro de 2025

Depressão sazonal: especialistas explicam efeito da falta de luz solar

O Transtorno Afetivo Sazonal é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um transtorno depressivo, mais frequente no outono e no inverno, e com maior incidência em pessoas que vivem em regiões mais distantes da linha do Equador, onde os dias de inverno são mais curtos e há menos exposição ao sol

Descrição da imagem

Economia • 13:35h • 14 de setembro de 2025

Queda no preço dos alimentos vai permanecer, diz ministro

Paulo Teixeira, do Desenvolvimento agrário, falou à Voz do Brasil

Descrição da imagem

Responsabilidade Social • 13:01h • 14 de setembro de 2025

Jovens são o principal grupo de risco para o suicídio no Brasil

De 2010 a 2021, suicídio foi a terceira causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos; especialistas reforçam importância da prevenção e do acolhimento

Descrição da imagem

Ciência e Tecnologia • 12:43h • 14 de setembro de 2025

Estudo da Unesp sobre impacto de agrotóxicos em abelhas recebe menção honrosa da Capes

Estudo de doutorado em Zootecnia mostrou que defensivos agrícolas podem alterar a regulação de milhares de genes das abelhas, com risco à biodiversidade e à produção de alimentos

Descrição da imagem

Educação • 12:14h • 14 de setembro de 2025

Maioria de estudantes da Unesp deve ser de escolas públicas pelo 10º ano

Além da reserva de vagas, formandos do ensino médio público paulista pagam taxa de inscrição no exame com 75% de redução no valor

Descrição da imagem

Cultura e Entretenimento • 11:58h • 14 de setembro de 2025

Concha Acústica recebe hoje a Feira de Rock de Assis com atrações culturais e gastronômicas

Evento acontece das 16h às 22h na Concha Acústica, com entrada solidária mediante doação de 1 kg de alimento

As mais lidas

Ciência e Tecnologia

Como se preparar para o primeiro apagão cibernético de 2025

Especialistas alertam para a necessidade de estratégias robustas para mitigar os impactos de um possível colapso digital

Descrição da imagem

Cultura e Entretenimento

Quanto seria o ingresso se o show de Lady Gaga fosse pago?