Saúde • 18:32h • 26 de agosto de 2025
Especialista defende escuta ativa de pais e escolas para enfrentar crise de saúde mental infantil
Ansiedade, depressão e distúrbios emocionais crescem de forma alarmante e já se consolidam como um dos maiores desafios da pediatria e da psiquiatria infantil no Brasil
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Midiaria | Foto: Divulgação

O aumento nos diagnósticos de transtornos mentais em crianças e adolescentes tem preocupado profissionais de saúde e revelado um cenário alarmante no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre 2014 e 2024 o número de atendimentos no SUS para ansiedade cresceu quase 2.500% em crianças de 10 a 14 anos, e mais de 3.300% entre adolescentes de 15 a 19 anos. Situações como pandemia, sobrecarga digital, isolamento social e conflitos familiares estão entre os fatores que ampliaram a vulnerabilidade da população infantojuvenil.
Segundo o doutor Rodrigo Eustáquio, professor de Psiquiatria Adulto e Infantil da Afya Vitória (ES), um dos principais desafios é identificar o sofrimento emocional ainda nas fases iniciais. “As crianças não costumam verbalizar o que sentem. Na maioria das vezes, o sofrimento aparece em alterações de comportamento, irritabilidade, queda no rendimento escolar ou mudanças de apetite”, explica.
A escuta ativa e acolhedora, aliada ao conhecimento técnico sobre desenvolvimento infantil, é essencial para o diagnóstico precoce. O especialista reforça que pais, responsáveis e professores também exercem papel determinante nesse processo. “Uma escuta empática, atenção às mudanças de comportamento e fortalecimento dos vínculos afetivos podem ajudar a identificar sinais precoces e encaminhar a criança para o tratamento adequado”, pontua.
O tema também tem ganhado espaço nas políticas públicas. A Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados aprovou recentemente o Projeto de Lei 4928/23, que inclui no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) a obrigatoriedade do acesso a programas de saúde mental pelo SUS. Para Rodrigo, trata-se de um avanço necessário. “A inclusão dessa política no ECA garante um cuidado contínuo e integral, beneficiando não apenas a criança, mas a sociedade como um todo”, afirma.
O especialista ressalta que investir em saúde mental desde cedo é fundamental. “Cuidar da saúde emocional das crianças é preparar adultos mais resilientes e conscientes, capazes de lidar com os desafios da vida. É um esforço coletivo, que exige a participação de famílias, escolas, profissionais de saúde e do poder público”, conclui.
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