Mundo • 14:30h • 20 de junho de 2025
Entre denúncias e acusações: futuro nuclear do Irã segue em impasse internacional
Declaração reacende debate global sobre o enriquecimento de urânio no país, alvo de críticas de Israel, EUA e de nova resposta do governo iraniano
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com colaboração da Agência Brasil | Foto: Reprodução/Youtube/Frame

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, declarou que os inspetores da instituição não encontraram evidências de que o Irã mantenha um programa sistemático para a produção de armas nucleares. A declaração foi dada durante entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da CNN, na última terça-feira, 17 de junho.
Segundo Grossi, apesar das especulações internacionais, os relatórios oficiais da AIEA não apontam sinais concretos de que Teerã esteja avançando para a construção de uma bomba atômica. “Não tínhamos nenhuma prova de um esforço sistemático do Irã para avançar para uma arma nuclear”, afirmou.
No entanto, o chefe da AIEA admitiu que não há como garantir que o Irã não mantenha atividades clandestinas fora do alcance dos inspetores. “Se houvesse alguma atividade oculta ou longe dos nossos inspetores, não poderíamos saber”, completou.
As declarações de Grossi foram rapidamente contestadas pelo governo iraniano. Em resposta pública, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmaiel Baqaei, acusou Grossi de parcialidade e de ter manipulado relatórios da AIEA para atender a interesses de Israel e dos Estados Unidos. Baqaei classificou a última resolução aprovada pela agência como tendenciosa e como parte de uma estratégia para justificar ataques às instalações nucleares iranianas.
O Irã, que nega buscar a fabricação de armas nucleares, segue defendendo que seu programa tem fins exclusivamente pacíficos. O país estava envolvido em negociações com os Estados Unidos em Omã quando ocorreu o recente ataque de Israel contra suas instalações.
Conheça aqui a história nuclear do Irã e como ela explica guerra de Israel.
Do lado ocidental, as declarações de Grossi contrastam com o discurso de líderes dos Estados Unidos e de Israel. O secretário de Estado norte-americano, Marco Rúbio, declarou em maio que o Irã está “no limiar de uma arma nuclear”, apontando para o alto nível de enriquecimento de urânio mantido pelo país, atualmente em 60%. O presidente Donald Trump também minimizou os relatórios técnicos, reforçando a suspeita de que o Irã estaria próximo de produzir uma bomba.
Já os relatórios oficiais da AIEA, publicados até o final de maio de 2025, demonstram preocupação com o avanço técnico iraniano, mas sem afirmar que o país tenha ultrapassado o limite de 90% de enriquecimento de urânio, necessário para armamento nuclear.
O Irã, por sua vez, reafirma que não viola o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), enquanto Israel, país que não assinou o TNP, permanece em silêncio sobre seu próprio arsenal nuclear, adotando a política de ambiguidade estratégica.
O cenário segue marcado por trocas de acusações e especulações, enquanto a comunidade internacional aguarda os próximos desdobramentos diplomáticos e possíveis novas inspeções.
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