Política • 19:33h • 07 de agosto de 2025
Embaixada dos EUA afronta soberania brasileira em crítica pública a Alexandre de Moraes no X
Publicação feita no perfil oficial da representação diplomática repete ataques já feitos por Trump, ameaça aliados do ministro e eleva tensão entre os países
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Foto: Reprodução/X

Em uma atitude que provocou forte reação nos meios jurídicos, diplomáticos e políticos do Brasil, a Embaixada dos Estados Unidos no país publicou, na manhã desta quinta-feira, 7 de agosto, uma mensagem em seu perfil oficial no X (antigo Twitter) com ataques diretos ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
No texto, a embaixada o acusa de ser “o principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores” e cita supostas violações de direitos humanos que teriam motivado sanções pela chamada Lei Magnitsky, durante o governo de Trump. O criador dessa legislação, o empresário e ativista Bill Browder, já se manifestou publicamente condenando o uso distorcido da lei em contextos políticos ou ideológicos, especialmente quando aplicada contra autoridades judiciais em regimes democráticos.
A postagem, que também ameaça investigar e punir juridicamente “aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas”, causou surpresa e indignação por tratar de forma direta e ofensiva uma autoridade da mais alta Corte brasileira. A crítica pública feita pela representação oficial de outro país é considerada, por juristas e analistas internacionais, uma grave violação dos princípios diplomáticos e um gesto de ingerência sobre decisões internas da Justiça brasileira.
Declaração da embaixada dos EUA em rede social contra ministro acirra tensão diplomática com o Brasil | Imagem: Reprodução/X
A referência à Lei Magnitsky, mecanismo legal dos EUA que permite sanções contra indivíduos estrangeiros acusados de corrupção ou violações de direitos humanos, foi interpretada por setores do governo e da sociedade civil como uma tentativa de intimidação. A menção à possibilidade de sanções não só contra Moraes, mas também contra agentes do Estado que apoiam suas decisões legais, amplificou a percepção de que há um uso político de mecanismos jurídicos e econômicos para pressionar o Brasil.
Além do conteúdo considerado ofensivo, o contexto político da publicação levanta questionamentos. A fala é alinhada à retórica de Donald Trump, que tem reforçado alianças com lideranças da extrema-direita em outros países. A postura da embaixada, ainda que vista como tentativa de agradar essa base política, coloca em risco as relações institucionais e comerciais entre Brasil e EUA.
A publicação do dia 7 de agosto também reforça um padrão de comportamento já identificado em outras ocasiões. Não é a primeira vez que a embaixada americana se manifesta publicamente de forma crítica ao Supremo Tribunal Federal ou a decisões soberanas do Judiciário brasileiro. A reincidência dessas ações preocupa autoridades brasileiras e especialistas em relações exteriores, que defendem uma resposta institucional firme do Estado brasileiro.
A tentativa de interferência externa, seja por motivações políticas ou comerciais, precisa ser amplamente debatida e rechaçada no campo da diplomacia internacional, sob pena de abrir precedentes perigosos em tempos de crescentes tensões políticas e polarizações internas.
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